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Sinn Fein quer que Irlanda do Norte mantenha eurodeputados após saída

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O partido republicano irlandês Sinn Fein defende que a província britânica da Irlanda do Norte deve manter dois deputados no Parlamento Europeu após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em 2019.

A proposta foi enviada pelo partido republicano irlandês à chamada “convenção de circunscrições”, explicou a única eurodeputada norte-irlandesa, Martina Anderson.

A convenção, nomeada pelo Governo da Irlanda, está a rever os círculos eleitorais com vista às eleições europeias de maio de 2019, que se realizam depois da saída do Reino Unido da UE.

Com o ‘Brexit’, previsto para 29 de março de 2019, parte dos lugares do Reino Unido no Parlamento Europeu vão ser repartidos por 14 Estados-membros considerados sub-representados na Eurocâmara.

A Irlanda é um dos países que ganha eurodeputados com o ‘Brexit’, dois, passando dos atuais 11 para 13.

Para o Sinn Fein, a Irlanda do Norte, que elegia três dos 73 eurodeputados britânicos, deve ficar com os dois assentos extra.

O Sinn Fein, antigo braço político do já inactivo Exército Republicano Irlandês (IRA), é ator político nas duas partes da ilha dado o seu objetivo histórico de unificação da Irlanda do Norte e da República da Irlanda.

Martina Anderson defendeu que a Irlanda do Norte deve “manter a sua representação democrática” na União após o ‘Brexit’ porque, entre outros motivos, “a maioria” do eleitorado norte-irlandês votou pela permanência na UE no referendo britânico de junho de 2016.

“O Sinn Fein acredita que é decisivo para os cidadãos do norte continuarem a ser representados no Parlamento Europeu, a fim de não serem tratados como cidadãos de segunda classe”, disse a eurodeputada.

Anderson acrescentou que o seu partido está disposto a trabalhar esta questão com a Comissão Europeia e o resto dos partidos da República da Irlanda.

O outro partido da Irlanda do Norte, o Partido Democrático Unionista (DUP), que representa a comunidade protestante, opõe-se a esta proposta do Sinn Fein porque defende um ‘hard Brexit’, em que a província abandona a UE nos mesmos termos que o Reino Unido.

Os unionistas consideram que a concessão de qualquer “estatuto especial” à Irlanda do Norte beneficiaria a agenda nacionalista do Sinn Fein, que representa a comunidade católica norte-irlandesa, e isolaria a província do resto do Reino Unido.

Os dois partidos convergem no entanto quanto à necessidade de manter a fronteira entre as duas Irlandas o mais aberta possível, para não prejudicar as duas economias, estreitamente ligadas, e o processo de paz.

A falta de uma solução para evitar uma fronteira física após o ‘Brexit’ é um dos principais obstáculos nas negociações entre Londres e Bruxelas.