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Desafios dos media “são enormes” mas “inovação e tentar coisas novas” são caminho

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O responsável do fundo de inovação Digital News Initiative (DNI) da Google disse hoje à Lusa que os desafios dos media no digital “são enormes”, mas “inovação e tentar novas coisas” são o melhor caminho para encontrar “receitas únicas”.

Ao longo de quase três anos, o fundo atribuiu 94 milhões de euros a 461 projetos do ecossistema europeu de notícias em 29 países, de acordo com o relatório 2018 DNI Fund hoje divulgado.

“Os desafios na era digital são enormes”, disse Ludovic Blecher, responsável pelo fundo, “mas a inovação e tentar novas coisas é uma das melhores formas para encontrar receitas únicas”.

O ecossistema de media está “a inovar”, disse, mas é um desafio “complicado”, no sentido em que os ‘publishers’ têm de encontrar uma maneira de contar uma história que interesse aos seus clientes e ao mesmo tempo monetizar a audiência.

O fundo DNI, que parte da Iniciativa do Google News, visa apoiar os ‘publishers’ na aposta de projetos inovadores na área dos media, tendo recebido até à data 4.800 candidaturas.

Para cada ronda de financiamento de projetos inovadores - neste momento vai para a quinta - são feitas mais de duas centenas de entrevistas.

“Fechámos recentemente a quinta ronda e deveremos anunciar [os vencedores] em julho”, acrescentou, salientando que ainda durante este ano terá lugar a sexta ronda.

O responsável considerou que existe uma mudança de “mentalidade” no setor, que aposta na partilha e na colaboração.

Por exemplo, o relatório hoje divulgado, disse, mais do que fazer um balanço sobre o fundo, permite aos responsáveis envolvidos nos vários projetos “partilharem o conhecimento da aprendizagem” e “inspirarem” outros.

“Há quem diga que a colaboração é a nova disrupção nos media, não sei se isso é verdade”, afirmou, salientando que se existem sinais disso, apontando o projeto português Nónio [plataforma tecnológica única criada pelos maiores grupos de comunicação que oferece conteúdos personalizados] como exemplo.

“Exige um alto nível de colaboração, um projeto complexo, altamente técnico. Todos na Europa estão a olhar para isso [Nónio]”, afirmou o responsável do fundo DNI.

“Há um verdadeiro interesse em tentar coisas novas aqui [em Portugal]”, considerou, apontando ainda os exemplos de projetos do Diário de Notícias ou do Observador.

O DNI atribuiu 5,8 milhões de euros a 21 projetos em Portugal desde 2015.

Questionado sobre quando é que veremos o impacto das novas ideias apoiadas pelo fundo, Ludovic Blecher sublinhou que “a execução leva tempo”, mas que já existem “mais de 130 projetos que estão a ser finalizados ou estão muito bem avançados”.

Sobre como vê o setor dos media nos próximos três anos, Ludovic Blecher preferiu apontar tendências que se assistem no mercado: “A primeira tendência o áudio, parece surpreendente”, mas este está a evoluir do ‘podcast’ para a voz, disse.

“Isto é um desafio para os ‘publishers’”, que têm de “transportar a marca para um modo de conversa”, acrescentou, salientando ainda que a realidade aumentada, da qual começam a surgir experiências, a subscrição personalizada de serviços e a colaboração entre redações e jornalismo individual na investigação de temas são outras das tendências.

Também a eficiência do fluxo do trabalho, com processos automatizados que apoiem o trabalho dos jornalistas, fornecendo as ferramentas necessárias para que produzam melhor (por exemplo detetar notícias falsas) e utilizem o tempo naquilo que realmente é importante no seu desempenho, é outra tendência.