Inexistência de relação indústria-universidades é “mito urbano”
Afirmação do director associado do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto

O diretor associado do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto, João Peças Lopes, considerou sexta-feira que inexistência de relação entre a indústria e as universidades é um “mito urbano”.
“Diz-se muito que a relação entre a indústria e a academia não existe, ou é muito fraca, mas a prova de que isso não é verdade está aqui”, afirmou à Lusa João Peças Lopes, à margem de um encontro organizado pelas duas entidades, na Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), no Porto, durante o qual foi assinado um novo memorando de colaboração entre o INESC TEC e a EFACEC, que comemoram 25 anos de parceria.
Questionado, João Peças Lopes afirmou que, para haver um estreitamento na relação entre a indústria e as universidades, é preciso “ultrapassar certos receios”.
“Por vezes, a indústria tem receio de desenvolver esse relacionamento porque acha que os universitários são demasiado académicos, não cumprem prazos, não respondem às suas exigências, mas o cenário, hoje em dia, é completamente diferente.
Atualmente, continuou, o sistema científico e tecnológico e as universidades “já perceberam que têm que responder ao que a indústria necessita e está disponível para satisfazer esses requisitos”.
“Não há que ter medo, há que avançar”, frisou João Peças Lopes.
De acordo com o também professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o INESC TEC e a EFACEC têm “uma relação continuada e de grande sucesso”.
“É através dessa relação que a EFACEC tem hoje um conjunto de soluções e de funcionalidades que lhe permite ser extremamente competitiva no mercado internacional, tendo produtos com inovação, que lhes aportamos”, contou.
O memorando hoje assinado é “uma ferramenta que permite dar continuidade ao que estava a ser feito” e “dar garantias de estabilidade na relação entre as duas entidades”, indicou.
Segundo o próprio, é necessário “ter capacidade instalada em termos de recursos humanos para responder às solicitações do cliente e para projetar o futuro”, tendo uma capacidade continuada de resposta”, evitando, assim, “responder aos soluços”.
Este entendimento tem como principais objetivos a identificação de novos domínios de colaboração - mais contratos e projetos - e a continuação da transferência para o mercado de tecnologia e conhecimento nas áreas da energia e da ‘cyber’ segurança, entre outras.
De acordo com o diretor associado, que, juntamente com o diretor de Tecnologia e Inovação da EFACEC, Nuno Silva, dirigiu a sessão de abertura da iniciativa, o projeto de desenvolvimento de gestão avançado para redes elétricas de distribuição, iniciado em 1996 e ainda vigor, é um dos marcos desta parceria.
O primeiro contrato entre as duas entidades deu-se em 1993, com o desenvolvimento, por parte do INESC TEC, de uma interface para o sistema SCADA, da EFACEC, colaboração que se expandiu, posteriormente, para a área das redes de distribuição de eletricidade.
O instituto colaborou igualmente com a empresa na instalação da primeira cidade inteligente portuguesa, em Évora, em 2007, e no desenvolvimento de um sistema de gestão de redes elétricas de baixa tensão, em 2013.
A EFACEC, por seu lado, foi uma das instituições que apoiou financeiramente a criação do Laboratório de Redes Elétricas e Veículos Elétricos.
O encontro de sexta-feira contou com um debate sobre inovação, que teve como oradores o diretor executivo da A. Silva Matos Indústria e presidente da ANJE, Adelino Silva Matos, e o presidente do Conselho de Administração do INESC TEC, José Manuel Mendonça.
Na sessão, moderada pelo diretor executivo da EFACEC, Ângelo Ramalho, participaram ainda o diretor geral da COTEC Portugal, Jorge Portugal, o diretor executivo da EDP Inovação, António Vidigal, bem como o docente da Universidade Nova de Lisboa e presidente da Academia Europeia de Ciências Europeia, Rodrigo Martins.