A angústia de não ser gente

Tenho notado, em todos os locais de trabalho, um estranho fenómeno no contexto profissional. Isto acontece nas empresas e nas repartições públicas, no privado e no público. Não são incidentes resultado de advento do capitalismo, o da vileza do dinheiro. Trata-se de um antagonismo feudal entre pessoas motivado por hierarquias insípidas. O fenómeno estranhamente afeta os profissionais mais competentes e dedicados, que, com o seu valor e competência, compram rapidamente inimigos e intrigas. E isto com a completa aquiescência das chefias, que cientes do seu poder e sequiosas da sua autoridade alimentam a perfídia. Mais uma vez, repito, isto não só uma questão de dinheiro, trata-se, principalmente, das relações de poder entre cidadãos que, alegadamente, são todos iguais perante a lei. Os casos que conheço intrigam-me imenso, pois é caso para dizer que há hierarquias dispostas a sacrificar os resultados nas suas empresas por puro capricho das trevas. Esta hostilidade perante os subordinados chega ao ponto de levar pessoas à insanidade. Os funcionários ficam doentes, desmotivados e paralisados, muitas vezes sem compreenderem o que lhes aconteceu. Há casos de processos instaurados, ameaças veladas e coação económica que atingem aos píncaros da maldade. E isto é visto já como natural que colegas e amigos nem se atrevem a defender os seus pares, para não caírem, creio, no beco da infâmia, ou seja, para não serem alvo do mesmo tipo de veneno que sem impregna nas carreiras e na vida. Ora, este tipo de hostilidade feudal, entre classes de poder e autoridade é de um nojo absoluto. Acredito mesmo que é altamente nocivo para a região, pois parece que há uma estratégia premeditada de atacar a competência, o mérito e o entusiasmo de trabalhar com lisura e isenção. Uma maldição para a vida das pessoas e para a própria riqueza produzida. Perdem as vítimas e perdemos todos nós com uma economia mais fraca, uma sociedade estratificada, de castas sem qualquer valor ou mérito. Sobram vantagens exclusivamente para um pequeno agregado de pulhas e sátrapas, e seus apaniguados. Uma miséria moral e espiritual. Mas se isto não comove as almas menos sensíveis, acreditem que as consequências deste feudalismo podre é também material, tudo isto prejudica a nossa riqueza e bem-estar.