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BCE deverá hoje manter inalteradas as taxas de juro

Foto REUTERS/Francois Lenoir
Foto REUTERS/Francois Lenoir

O Banco Central Europeu (BCE) deverá deixar as taxas de juro inalteradas na reunião de hoje, com os analistas a não esperarem mudanças quanto ao programa de compra de ativos, que termina em finais de setembro.

“Consideramos que o BCE não irá apresentar novas mudanças na política monetária”, disse o economista-chefe do Montepio, Rui Serra, à Lusa, referindo que a instituição anunciou em outubro “que continuaria o seu programa de compra de ativos a um ritmo mensal de 30 mil milhões de euros por mês de janeiro a setembro de 2018”.

Na sua opinião, o foco dos mercados deverá continuar a estar na conferência de imprensa do presidente do BCE, Mario Draghi, no final da reunião.

“Continuamos a antecipar que o BCE irá, lentamente, repensar a sua política monetária nos próximos meses, preparando o terreno para o fim do programa de compra de dívida em setembro de 2018”, acrescentou o economista, antecipando que provavelmente só em junho se saberá mais sobre este assunto.

Também Rui Bárbara, economista do Banco Carregosa, considera que, “nesta fase, o mais confortável para o BCE será não se comprometer com afirmações perentórias e empurrar para a frente qualquer anúncio”.

“Não estamos à espera de novidades. Haverá uma altura em que Draghi terá de clarificar o que acontece ao programa de compra de ativos: se haverá alguma extensão do programa ou se a sua retirada se fará através da redução do montante, sem mais nenhum prolongamento”, afirmou o analista num comentário enviado à Lusa.

Para Rui Bárbara, nesta fase o BCE não deverá subir as taxas de juro, “o que só deverá acontecer em 2019”.

“As taxas [de juro] e o programa de compra de dívida deverão permanecer inalterados. Acredito que o foco da reunião será a forma de ‘comunicação’ do banco central”, sustentou Eduardo Silva, gestor da corretora XTB.

Eduardo Silva lembrou que o valor da compra de dívida já foi recentemente revisto para metade (passou de 60 mil milhões de euros mensais para 30 mil milhões de euros) e “existe forte pressão para que termine até ao final do ano”.

“Em 2019 devemos assistir a um aumento das taxas e a normalização irá continuar a acontecer de forma gradual, desde que os dados não apresentem nenhuma surpresa”, antecipou.

Na sua última reunião de política monetária, em 25 de janeiro, o BCE anunciou que as taxas de juro ficavam inalteradas, com a principal taxa de refinancimento a manter-se em 0%.

A instituição confirmou ainda que vai manter a compra de dívida ao ritmo mensal de 30 mil milhões de euros “até ao final de setembro de 2018, ou mais tarde” se for necessário para impulsionar a inflação.

Hoje, o BCE divulgará novas projeções macroeconómicas para a zona euro, depois de em dezembro se ter mostrado mais otimista nas previsões de crescimento entre 2017 e 2019, mas prudente em relação à inflação.