Crónicas

DDiarte: Talento Madeirense

Seria interessante que quem visita a Região pudesse admirar permanentemente alguns dos seus maiores símbolos como são, na minha opinião, os DDiarte

Uma das melhores sensações que vamos aprendendo a aprimorar com a idade é o gosto pela Arte e a capacidade para a entender. Diria mesmo que esse é um dos maiores fenómenos que demonstram as nossas alterações emocionais e até físicas. A atração pelas experiências artísticas das mais diversas índoles é sensorial, do domínio do entendimento cognitivo mas sobretudo feita pelo “feeling” do que nos fascina, nos prende a atenção e define a nossa diferença enquanto indivíduos. É isso que me tem acontecido um pouco também.

Recordo-me perfeitamente que uma das minhas primeiras grandes paixões artísticas foi David La Chapelle. Já lá vão uns bons anos quando fiquei estupefacto a olhar para as imagens irreverentes, provocadoras e coloridas do fotógrafo americano. Os corpos entrelaçados, o chocar com a realidade intensa e viva, o exagero com forma de sátira social. Fotografias saturadas, expressões inusitadas. O trabalho “Hotel LaChapelle” entusiasmou-me de tal forma que cheguei em tempos a desafiar um investidor hoteleiro para que tentássemos a possibilidade de construir uma unidade “desenhada” pelo próprios e onde as suas imagens servissem de mote.

Passados uns anos encontrei por acaso na internet uma imagem que em tudo me pareceu do mesmo artista. Qual não foi o meu espanto quando reparei ao abrir a imagem que não era LaChapelle mas sim uma dupla madeirense de nome DDiarte. Comecei a investigar um pouco sobre o Zé Diogo e o Diamantino de Jesus e deparei-me com uma obra absolutamente fantástica. Os “Fellinis da fotografia portuguesa” conseguiram com um orçamento incomensuravelmente inferior mostrar que quando temos qualidade e quando lhe juntamos a vontade, a determinação e o amor à causa o trabalho pode sair igualmente perfeito.

É por isso que estes artistas que têm tantos prémios no currículo que três crónicas destas não chegariam para os enumerar são hoje em dia destaque mundial pela sua técnica sempre em processo evolutivo, pelo arrojo numa sociedade ainda bastante conservadora e pela montagem e efeitos especiais na transformação e produção de ideias absolutamente criativas. Já ainda o ano vai no seu início e já receberam distinções na Índia, em Nova Iorque no “International Colors Awards” e foram considerados “Fotógrafos do Ano” pela prestigiada revista espanhola de arte contemporânea “Dodho” com o projecto “Autumn”.

À semelhança do que os responsáveis políticos da Região têm feito e bem para preservar os seus símbolos, como foi o reconhecimento por altura da abertura da Casa das Mudas com a instalação da Coleção Berardo (uma das mais importantes do mundo), ou do apoio a Nini Andrade Silva na implementação do seu “Design Centre”, que de certa maneira vão dando um novo “elan” ao mercado lifestyle mais sofisticado e cosmopolita, ou até mesmo em termos mais populares com o caso de Cristiano Ronaldo através do seu Museu seria interessante que quem visita a Região pudesse admirar permanentemente alguns dos seus maiores símbolos como são , na minha opinião, os DDIarte. Aqui fica a minha homenagem à obra e aos artistas.