Artigos

O rabo do cão de Alcibíades

Alcibíades não foi bom político, mas o rabo do seu cão fez escola

Século de ouro Péricles (495 - 429 a.C.) foi um dos principais governantes da Grécia, tendo promovido um grande desenvolvimento económico e cultural. A sua época ficou conhecida como a Idade de Ouro de Atenas.

Quando Péricles faleceu a Grécia entrou num período de decadência, sendo apontada como uma das principais causas a fraca qualidade dos líderes que lhe sucederam.

Governo desastroso

Um dos sucessores de Péricles foi Alcibíades (450 a 404 a.C.), o qual, apesar de se ter distinguido como militar, como político a sua governação foi demagógica e desastrosa.

No livro “Banquete” de Platão, Alcibíades é descrito como tendo sido rejeitado por Sócrates. Alcibíades foi também acusado de ter participado nos “Mistérios de Eleusis”, rituais secretos aos deuses subterrâneos e de mutilar a estátua de Hermes (deus da fertilidade, dos rebanhos e da magia). Alcibíades criou muitos inimigos e acabou sendo assassinado.

O rabo do cão de Alcibíades

Um dia, em público, sem que nada o justificasse, Alcibíades cortou o rabo ao seu cão. A notícia rapidamente se espalhou.

Enquanto alguns cidadãos comentavam esta crueldade, outros tentavam indagar dos possíveis motivos. Poderia ter sido para prevenir a raiva, como os romanos acreditavam. Outros admitiam que o cão sem rabo caça melhor, evita lesões e infeções. Ainda hoje há quem corte o rabo do cão por motivos estéticos.

O certo é que o rabo do cão de Alcibíades permanecia um mistério e durante largo tempo não havia reunião pública ou privada em que não se falasse do rabo do cão de Alcibíades.

Justificação

Alcibíades, porém, não parecia se preocupar com os comentários ao seu cão, facto que ainda mais intrigava os cidadãos.

Porém, decorrido algum tempo, quando lhe questionaram sobre o porquê de ato tão censurável, Alcibíades respondeu: “Enquanto o povo se preocupa com o rabo do meu cão, não critica a minha governação!”

Alcibíades não consta ter sido bom político, no entanto, a habilidade em desviar a atenção dos cidadãos fez escola e, desde então até a atualidade, muitos “rabos de cão” têm sido cortados.