A cadeira pesada

Seja quem for, chegue, e diga à partida, que está ali naquele lugar, aonde acaba de tomar posse de um cargo, uma responsabilidade ou coisa do género , que veio para ensinar e não para aprender, apresenta-se como alguém que já sabe tudo. Ficamos esclarecidos que estamos diante de um sábio com muito génio. Não duvidamos da fibra com que é feito o sujeito. Não temos é a certeza, de que haja alguém que não está aberto a aprender com o tempo e os outros. Relembro que reconhecidos mestres, afirmaram bem alto, que só sabiam que nada sabiam. No entanto, um personagem a quem lhe foi confiada a cadeira de sonho de um clube, que procura reerguer-se do pesadelo que atravessa, iniciou o jogo com um discurso, aquando da sua nomeação para a função que vinha mergulhada no vazio, com palavras carregadas de certezas absolutas. O tempo se encarregará de o demonstrar. São necessárias palavras fortes, objectivas, convictas, quando abraçamos uma tarefa, um trabalho, uma carreira, e pretendamos transmitir ânimo, confiança, estabilidade, conforto, a alguém que vai precisar dos nossos préstimos, para atingir metas bem definidas. Mas garantir que entramos por essa porta, só para ensinar e não para aprender, soa-nos a arrogância, apenas e só. Normalmente o sonho lindo, acaba em pesadelo. Surge-nos como cadeira pelas costas abaixo, e a porta de saída é-nos apontada, mal a gente acorda. Basta para isso, que o insucesso nos resultados pretendidos, não sejam alcançados logo ao 3º ou 4º ponto perdidos a favor dos rivais. Os lenços que estão a corar há 4 épocas retornam, para que o branco dê nas vistas e se agite por entre o azul angustiado da esperança inicial. É uma forma dura de se aprender, mas às vezes merecida!

Joaquim A. Moura