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ONU discute sanções contra autores de ataques com armas químicas na Síria

Estados Unidos, a França e o Reino Unido pediram sanções. Rússia confirma veto no Conselho de Segurança

Foto EPA/JASON SZENES
Foto EPA/JASON SZENES

Os Estados Unidos, a França e o Reino Unido pediram hoje sanções contra os autores de ataques com armas químicas na Síria, durante uma reunião à porta fechada do Conselho de Segurança da ONU.

A Rússia, aliada do regime de Damasco, confirmou entretanto o seu veto a um futuro projeto de resolução sobre esta matéria.

Washington, Paris e Londres são três dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança que têm poder de veto. A China e a Rússia são os outros dois membros permanentes.

Antes da reunião à porta fechada, a embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Nikki Haley, afirmou esperar que um projeto de resolução, discutido há vários meses, possa ser finalmente submetido a uma votação no Conselho.

“Temos trabalhado com o Reino Unido e a França para que esta resolução seja analisada e então iremos descobrir quais países toleram a utilização de armas químicas e quais aqueles que consideram que isto é um problema”, disse Nikki Haley, em declarações aos jornalistas.

A Rússia, aliado tradicional do regime sírio de Bashar al-Assad que é apontado como um dos autores de ataques com armas químicas, já indicou que irá usar o seu poder de veto para bloquear o projeto de resolução.

“Expliquei agora aos nossos parceiros a nossa posição muito clara. Se for apresentado vamos vetá-lo”, disse o vice-embaixador russo junto das Nações Unidas, Vladimir Safronkov, após a reunião à porta fechada.

Será a sétima vez que Moscovo utiliza o seu poder de veto para proteger Damasco.

Momentos antes destas declarações do representante russo, o vice-embaixador do Reino Unido junto da ONU, Peter Wilson, referiu que o texto será submetido a votação “nos próximos dias”.

Este projeto de resolução é defendido após uma investigação conjunta das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que concluiu em outubro passado que o regime sírio terá realizado pelo menos três ataques com armas químicas em 2014 e 2015 contra três cidades: Tell Mannas, Qmenas e Sarmin.

Os investigadores determinaram igualmente que os ‘jihadistas’ do grupo extremista Estado Islâmico (EI) também terão usado gás mostarda em 2015.

“Temos provas claras de que armas químicas foram usadas na Síria contra civis e indicações convergentes que tais armas continuam a ser utilizadas naquele país”, sublinhou o embaixador francês François Delattre.

O projeto de resolução, consultado pela agência noticiosa francesa AFP, impõe uma proibição de viajar e o congelamento de bens a 11 sírios, principalmente responsáveis militares. Entre eles figuram o chefe dos serviços de informação da Força Aérea síria e o comandante das operações aéreas nas zonas onde os ataques com armas químicas foram realizados.

O texto prevê igualmente a proibição da venda, do fornecimento ou da transferência para o exército e governo sírios de helicópteros e outros materiais.

A Síria nega ter utilizado armas químicas e Moscovo rejeita as conclusões desta missão de investigação, defendendo que não foram reunidas provas suficientes.

A guerra na Síria, prestes a completar seis anos, já fez mais de 310.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados.