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Alemanha reclama “mais avanços” para combater paraísos fiscais

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O Governo alemão reclamou hoje mais “avanços” contra os paraísos fiscais, seja ao nível da União Europeia, seja globalmente, no seguimento das novas revelações feitas sobre os ‘Paradise Papers’.

“É preciso articular medidas mais rigorosas para regular esses sectores”, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, defendendo que “todos os actores implicados” devem reforçar os mecanismos existentes para evitar esses casos.

Nos últimos anos, e especialmente depois da difusão dos ‘Panama Papers’, activaram-se novos mecanismos, à escala nacional, europeia e global, para combater os abusos, lembrou o porta-voz, defendendo, no entanto, que é preciso actuar “mais intensamente” para conseguir erradicá-los.

Seibert aludiu ao pacote de medidas aprovado pelo Governo alemão, em território nacional, assim como para as quinze recomendações elaboradas entre os parceiros europeus para combater essas práticas, para insistir na necessidade de “seguir em frente” com esse processo.

O Ministério das Finanças alemão também falou sobre o caso, admitindo que são “precisos mais instrumentos” para atacar “de forma decisiva” o problema também dentro da UE para combater a evasão fiscal de forma coordenada em território comunitário.

A investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), com o título ‘Paradise Papers’, conta com a participação de 382 jornalistas de mais de meia centena de órgãos de comunicação de todo o mundo, incluindo Portugal, e que analisam 13 milhões de documentos referentes a “territórios opacos” dos últimos 70 anos.

Os documentos são provenientes da empresa de advogados Appleby and Asiatici Trust, revelados através de contactos do jornal alemão Suddeutsche Zeutung, e pertencem a 19 jurisdições distantes que constam da lista de paraísos fiscais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Entre outras figuras relacionadas com os paraísos fiscais, de acordo com as informações publicadas pelo ICIJ, contam-se a rainha Isabel II de Inglaterra, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o secretário de Estado do Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross e o ex-chanceler alemão Gerhard Schroder.

Da lista fazem parte Bono, vocalista da banda irlandesa U2, e a cantora norte-americana Madonna.

De acordo com os meios de comunicação que participam na investigação, trata-se da maior revelação de documentos referentes a paraísos fiscais e com “uma relevância mais importantes do que os ‘Panama Papers’”.

Entre outras, participam na investigação as redacções do New York Times, BBC, Guardian, La Nación, Le Monde ou semanário Expresso.

“Nos arquivos da Appleby, a operadora de ‘offshores’ que é a principal origem da nova fuga de informação do ICIJ, foram encontrados mais de 70 cidadãos portugueses, incluindo uma série de antigos administradores do Grupo Espírito Santo e do BPN. Muitos dos nomes encontrados trabalham lá fora, na indústria financeira global”, escreve o Expresso na edição on-line sobre informações referentes a portugueses alegadamente envolvidos.