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A constante carência de recursos humanos

A situação caótica não é inesperada nem imprevisível...exige-se capacidade a quem governa

O inverno é a estação do ano descrita como a mais fria das quatro estações devido à diminuição da iluminação e á menor incidência dos raios solares. De acordo com a região e a localização geográfica, as condições climatéricas e as temperaturas mais baixas conduzem a variações significativas na vida quotidiana das populações. Esta realidade afeta os hábitos das pessoas nomeadamente o seu estado de saúde, favorecendo o aparecimento de determinadas patologias.

Todos os anos tendo em consideração a época invernal é previsível um aumento dos episódios de doença principalmente em crianças, pessoas mais vulneráveis ou com idade mais avançada, situações que acarretam uma maior procura dos serviços de saúde. Das varias patologias próprias da época a mais comum é a gripe que pelas suas consequências conduz a uma sobrecarga dos serviços nomeadamente os serviços de urgência e internamento hospitalar.

Os serviços de saúde conhecem e lidam com esta realidade há muitos anos, dai terem a obrigação de elaborar os designados planos de contingência para a época, ou seja, tendo em consideração a capacidade dos recursos instalados, as variáveis e tendências conhecidas, os serviços devem planificar de forma previsível e objetiva uma resposta sistematizada e progressiva de acordo com as necessidades em cuidados de saúde.

Apesar de todo o planeamento possível temos de admitir que em situações de excecional procura, nas designadas situações limite, os serviços podem esgotar a capacidade máxima instalada, os recursos finitos começam a faltar e a aptidão de resposta pode diminuir, afetando a coordenação e a tomada de decisão fragilizando a segurança e a qualidade da prestação de cuidados.

A realidade do Serviço Regional de Saúde da RAM é semelhante ao resto do País, com uma elevada afluência de utentes ao serviço de urgência hospitalar, o aumento dos internamentos superiores á capacidade instalada, causa bloqueios e superlotação dos serviços, num quadro de carência de recursos humanos para atender uma população idosa, vulnerável e muitas vezes vivendo num contexto de solidão.

A situação caótica não é inesperada nem imprevisível, assim sendo exige-se de quem governa capacidade para encontrar respostas e soluções que partam de uma analise que tendo em consideração os dados demográficos e epidemiológicos, promova a cooperação e a complementaridade entre serviços e instalações, utilizando os recursos e as capacidades existentes, é neste pressuposto que observamos a recente ativação do plano regional de contingência da gripe.

Sendo uma medida temporária num contexto especifico, os resultados positivos só serão atingíveis se for colmatada uma das vertentes fundamentais para o bom funcionamento dos serviços de saúde. Os decisores não podem continuar a compactuar com a grave carência de profissionais principalmente assistentes operacionais e enfermeiros que tanta falta fazem nos serviços.

Na área de enfermagem, é fundamental que o atual governo cumpra o compromisso assumido no inicio da legislatura, ou seja que durante o mandato de quatro anos sejam admitidos no mínimo 400 enfermeiros no Serviço Regional de Saúde. Em 2016 foram admitidos 150, em 2017 a Secretaria Regional da Saúde e das Finanças não concretizaram a admissão de 50 novos enfermeiros. Esperemos que até ao final da legislatura, que termina em 2019, se cumpra a meta, de admitir 400 novos enfermeiros para bem das populações e melhoria das condições de trabalho.