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ONU reúne-se para debater direitos humanos na Coreia do Norte

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A China viu hoje goradas as pretensões de impedir o Conselho de Segurança das Nações Unidas de se reunir na terça-feira numa sessão sobre direitos humanos na Coreia do Norte.

Antes da votação processual, o representante da China, o mais próximo apoio da Coreia do Norte, instou os membros do Conselho de Segurança da ONU para se expressarem “com reserva” sobre a reunião.

“O Conselho de Segurança não se pode transformar num fórum para falar de direitos humanos”, disse, em vão, o embaixador adjunto chinês na ONU, Wu Haiteo, acrescentando que “esta reunião é contraproducente” enquanto se procura uma solução pacífica na crise norte-coreana.

“A prioridade do Conselho de Segurança da ONU é a paz e a segurança internacional”, insistiu o diplomata da China, o único dos cinco membros permanentes do órgão das Nações Unidas que se expressou contra a realização da reunião.

A embaixadora dos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU, Nikki Haley, contrapôs, sublinhando que “não há separação entre paz e segurança e os direitos humanos”.

“Se um Estado utiliza a violência contra os seus cidadãos, usará violência contra outros países”, disse, acrescentando que, “se se quer verdadeiramente fazer a prevenção”, o Conselho de Segurança da ONU “deverá também falar da Síria e da Venezuela”.

Na votação processual para a reunião, pedida por países ocidentais por considerarem que a questão dos direitos humanos na Coreia do Norte está relacionada com a paz e a segurança, China e Rússia, países que fazem parte do conselho permanente, e ainda a Bolívia votaram contra.

Dez países membros, entre os quais França, Reino Unido e Estados Unidos, todos membros permanentes, votaram a favor da reunião, enquanto outras duas nações não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU abstiveram-se.

Para a realização da reunião, pelo menos nove votos eram necessários e o direito de veto dos cinco membros permanentes não se aplica quando o voto é processual.

A intenção de realização de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre os direitos humanos na Coreia do Norte surgiu na sequência de um relatório de uma comissão de inquérito internacional, realizado em 2014, que classificou de crimes contra a humanidade as violações dos direitos humanos naquele país.

Desde então um encontro sobre este tema realizou-se anualmente, promovido nomeadamente pelos membros ocidentais do Conselho de Segurança, com Estados Unidos, França e Reino Unido na liderança.

Todos os anos, a China tenta, por meio de uma votação processual, inviabilizar, mas sem sucesso.

A Coreia do Norte está sujeita a várias sanções da ONU que visam forçá-la a cumprir as resoluções do Conselho de Segurança que a proíbem de ter actividades nucleares e balísticas.

A China, o principal patrocinador económico de Pyongyang, diz que as sanções são rigorosamente aplicadas, mas Washington quer aumentar a pressão através de um embargo de petróleo.