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Nobel da Paz centra todas as atenções em ano sem prémio na Literatura

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Num ano sem o galardão da Literatura, o Nobel da Paz 2018 - o único a ser decidido e revelado em Oslo -- irá centrar, na próxima sexta-feira, todas as atenções e reações da comunidade internacional.

Não existe uma lista pública e oficial dos candidatos à distinção, que será anunciada no dia 05 outubro às 11:00 locais (10:00 em Lisboa), pelo Comité Nobel norueguês, órgão eleito pelo Parlamento da Noruega (Stortinget).

Conhece-se apenas o número de candidaturas apresentadas, 331 este ano, segundo o ‘site’ oficial dos prémios Nobel.

Esta é uma das distinções que gera mais especulação e, mesmo com o secretismo que envolve o prémio, os nomes dos potenciais vencedores surgem sempre nos ‘media’ e nas casas de apostas.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um dos nomes citados por ter iniciado um diálogo classificado como “histórico” com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un.

Mas, segundo Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo (Sipri), recompensar o atual inquilino da Casa Branca será “inoportuno” depois de este ter decidido retirar os Estados Unidos de vários acordos multilaterais, nomeadamente os protocolos sobre o clima e sobre o dossiê nuclear do Irão.

Ainda a propósito do processo de pacificação da península coreana, Dan Smith também considerou, em declarações à agência noticiosa France-Presse (AFP), que uma eventual atribuição do Nobel da Paz ao Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, seria “prematura”, lembrando o sentimento de desilusão que prevaleceu depois da entrega da distinção ao anterior líder sul-coreano, Kim Dae-jung, em 2000.

Entre os outros nomes mencionados para a edição 2018 do Nobel da Paz constam o do cirurgião congolês Denis Mukwege e o da ativista da minoria religiosa yazidi Nadia Murad. Os dois ativistas lutam contra a violência sexual.

Duas agências das Nações Unidas, o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR), também têm sido referenciadas como favoritas.

O ‘blogger’ e ativista saudita Raif Badawi e as associações de defesa dos media e dos direitos humanos na Rússia têm sido igualmente mencionados como potenciais laureados.

Na semana passada, o jurista polaco Adam Bodnar foi distinguido com o Prémio Rafto de Direitos Humanos “por defender os direitos das minorias e a independência judicial” no atual contexto político na Polónia.

Este galardão, que ostenta o nome do historiador e ativista dos direitos humanos norueguês Thorolf Rafto, distingue defensores dos direitos humanos e da democracia desde 1987, entre os quais constam quatro personalidades que receberam o Nobel da Paz: Aung San Suu Kyi, José Ramos-Horta, Kim Dae-jung e Shirin Ebadi.

O Comité Nobel norueguês é responsável por escolher os laureados do Nobel da Paz, mas a indicação de candidatos pode ser feita por qualquer pessoa que preencha um conjunto de critérios, como, por exemplo, anteriores laureados, membros de parlamentos e governos nacionais ou atuais chefes de Estado.

Os nomes dos candidatos apresentados ao comité só poderão ser revelados publicamente após um período de 50 anos.

No entanto, o comité norueguês revela todos os anos o número de candidatos.

Dos 331 candidatos propostos para a edição deste ano, 216 são pessoas individuais e 115 são organizações, segundo a informação disponível no ‘site’ oficial dos prémios Nobel.

O recorde de candidaturas foi registado em 2016, ano em que foram propostos 376 candidatos ao galardão.

Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro, inventor, industrial e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896) em doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à humanidade.

O inventor da dinamite expôs este desejo num testamento redigido em Paris em 1895, um ano antes da sua morte.

Os prémios foram atribuídos pela primeira vez em 1901.

Desde 1901, foram atribuídos 98 prémios Nobel da Paz a um total de 131 laureados (104 indivíduos e 27 organizações).

Na lista dos prémios Nobel da Paz constam apenas 16 mulheres, incluindo a mais jovem laureada de sempre, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que tinha 17 anos quando recebeu a distinção em 2014.

Atualmente com um valor monetário de nove milhões de coroas suecas (873.000 euros), o prémio não foi atribuído em 19 ocasiões, nomeadamente durante o período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.

Em 2017, o Nobel da Paz foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN).

A cerimónia de entrega do prémio está agendada para 10 de dezembro em Oslo.

O Nobel da Literatura não será atribuído este ano, pela primeira vez em sete décadas, na sequência de um escândalo de abuso sexual e de crimes financeiros.