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Maestro norte-americano James Levine nega acusações de agressões sexuais

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O maestro norte-americano James Levine, que conduziu durante muitos anos a Ópera Metropolitana de Nova Iorque, negou hoje as acusações de agressões sexuais de que foi alvo e que ditaram o seu afastamento daquela instituição.

“Por mais compreensivelmente preocupantes que sejam as acusações que surgiram recentemente na imprensa, elas são infundadas. Tal como confirmará qualquer pessoa que me conheça verdadeiramente, eu não vivi a minha vida como um opressor ou um agressor”, afirmou James Levine num comunicado divulgado pelo jornal The New York Times.

A Ópera Metropolitana de Nova Iorque suspendeu no domingo toda a colaboração com o maestro, depois de o The New York Times ter publicado testemunhos de três pessoas que alegam terem sido alvo de abusos sexuais por parte de James Levine quando eram adolescentes. Entretanto surgiu uma quarta alegada vítima.

A Ópera Metropolitana de Nova Iorque escolheu o antigo procurador de Nova Iorque Robert J. Cleary para investigar as acusações contra James Levine.

“Dediquei as minhas energias ao desenvolvimento, crescimento e criação da música e de músicos em todo o mundo -- em particular com a Ópera Metropolitana, onde o meu trabalho tem sido o sangue a paixão da minha imaginação artística”, lê-se no comunicado divulgado pelo jornal norte-americano.

Uma das alegadas vítimas, James Lestock, de 67 anos, que disse ter sido vítima de James Levine com 17 anos, quando era um estudante de violoncelo, emitiu entretanto uma declaração em resposta ao comunicado do maestro.

“Ele está a mentir”, disse ao The New York Times. “Os exemplos de instigação de sexo com um menor, abuso físico recorrendo a dor física que levou a choro, aconteceu tudo. Eu submeter-me-ei a um detetor de mentiras. E ele?”, disse.

Desde que foi divulgado o caso do produtor de Hollywood Harvey Weinstein, em outubro, vários escândalos relacionados com acusações de assédio, agressão sexual e até mesmo de violação foram denunciados em diversos países.

Entretanto, a revista norte-americana Time nomeou como “Personalidade do Ano” as pessoas que nos últimos meses denunciaram casos de assédio e abuso sexual, num movimento coletivo denominado “#MeToo”, surgido nos Estados Unidos.

Na capa da próxima edição da Time surgem seis mulheres, entre as quais a atriz Ashley Judd e a cantora Taylor Swift, que quebraram o silêncio, denunciaram casos em que foram vítimas de assédio sexual, e fizeram com que milhares de outras pessoas partilhassem histórias semelhantes.

Da sexta mulher, que representa todas as vítimas anónimas, é visível apenas um braço.

Nas redes sociais, e de uma forma geral na Internet, acabou por sobressair um movimento coletivo espontâneo de denúncia e partilha com a designação #MeToo (#EuTambém”), mas, para o editor Edward Felsenthal, da revista Time, isso é só “parte do retrato” sobre assédio e abuso sexual.

“É a mudança social mais rápida a que assistimos em décadas”, disse Edward Felsenthal, quando anunciou na quarta-feira a escolha de “Personalidade do Ano”, deixando para trás figuras como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Presidente da China, Xi Jinping, e o jogador norte-americano Colin Kaepernick.