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Eritreia e Somália estabelecem relações diplomáticas após décadas de tensão

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A Eritreia e a Somália assinaram hoje um acordo, em Asmara, sobre o estabelecimento de relações diplomáticas e o envio de embaixadores para as respectivas capitais, informou o governo da Eritreia num comunicado.

“Os dois países vão estabelecer relações diplomáticas e trocar embaixadores”, menciona o acordo intitulado “Declaração sobre as relações fraternas”, assinado pelo presidente da Eritreia, Issaias Afeworki, e pelo seu homólogo somali, Mohamed Abdullahi Mohamed.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), este acordo marca uma nova etapa no “aquecimento das relações entre os países do Corno de África”, na sequência da reaproximação, nas últimas semanas, entre a Eritreia e a Etiópia.

Os dois países têm relações tensas há mais de uma década, nomeadamente devido ao alegado apoio de Asmara aos islamitas Shebab, afiliados à Al-Qaeda, que juraram a perda do governo somali.

Segundo a AFP, estas acusações sujeitaram a Eritreia a sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2009, incluindo o congelamento de bens e proibições de viagens ao exterior para funcionários políticos e militares, e embargo de armas.

“A Eritreia apoia fortemente a independência política, a soberania e a integridade territorial da Somália, bem como os esforços dos somalis e dos seus governos para restaurar a estatura legítima do seu país e atender às nobres aspirações do seu povo”, refere o contrato assinado hoje.

Esta declaração, cujo o texto foi publicado na Internet pelo Ministério da Informação da Eritreia, afirma que os dois países “se esforçarão para forjar uma cooperação mais profunda nos domínios político, económico, social, cultural, e da defesa e segurança”.

De acordo com a declaração publicada pelo Ministério da Informação da Eritreia, estes dois países prometem “trabalhar juntos para promover a paz, estabilidade e integração económica na região”.

A visita do presidente da Somália segue-se à aproximação entre a Eritreia e a Etiópia, que assinaram uma declaração conjunta a 9 de Julho, encerrando quase duas décadas de guerra desde o seu último conflito entre 1998 e 2000.

A Somália é o aliado da Etiópia, fornecendo tropas para combater o Shebab, explica a AFP.

O novo primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que chegou ao poder em Abril, mudou a situação na região ao iniciar a aproximação entre o seu país e a Eritreia.

A Etiópia já solicitou formalmente às Nações Unidas para levantar as sanções contra a Eritreia, refere a AFP.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já indicou que as sanções já não se justificam.