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“O meu objectivo é fazer rir as pessoas”, diz Bruno Nogueira

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O humorista português, Bruno Nogueira, abriu esta tarde os Encontros Literários da Feira do Livro do Funchal, através de uma animada conversa, onde falou dos desafios em fazer humor, um trabalho que lhe dá muito prazer, mas “pouco dinheiro”.

Bruno Nogueira diz que um humorista não tem de ser corajoso, mas está sujeito ao “politicamente correcto” e tem de contar com a generosidade de quem está a ouvir porque, se a piada não for recebida com inteligência, há a probabilidade de ser visto como uma “besta”. Um risco “não tão grande quanto o dos mineiros, que lhes pode cair a terra em cima”, explica de forma humorística perante a plateia que esteve junto ao palco da Avenida Arriaga, no Funchal.

A sua única preocupação é “fazer rir as pessoas e desconstruir a realidade para perceberem o que se calhar já não ligam no dia-a-dia, nas notícias e nos jornais”. Entende que não há limites para o humor, caso contrário “seria uma coisa perigosa”, mas assume ter os seus próprios limites, enquanto argumentista, por haver temas tão drásticos, que não devem ser abordados de forma cómica.

Na conversa conduzida por Susana de Figueiredo, Bruno Nogueira explicou que ainda tem esperança de, um dia, ganhar dinheiro em ser humorista, profissão que escolheu aos 18 anos. “Percebi que o humor era a única coisa que eu sabia fazer para me integrar com outras pessoas, era a única coisa que me salvava do meu corpo esquisito: alto, magro e tímido”.

Confessa ter pouca paciência para a burrice e a incompetência, sobretudo quando as pessoas acham que têm sempre razão e não devem mudar de opinião. “A burrice é perigosa, os grandes ditadores do Mundo são pessoas que não estão dispostas a abdicar de uma maneira de pensar nem aceitar que possa haver vários pontos de vista”, explica, acrescentando que o humor “é um exercício que me obriga a ver as coisas com uma lupa e essa lupa é interessante quando é para o lado cómico, mas poder ser melancólica para determinados assuntos”.

Acredita que se não fosse humorista, seria certamente “mais infeliz” e teria um emprego, como a maior parte das pessoas, “para pagar contas e criar filhos”.

Sobre o humor em Portugal, diz que o Hérman José continua a ser uma referência porque consegue reinventar-se, adaptar-se aos tempos e teve a inteligência de captar a atenção de várias gerações.