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Trabalhadores da Groundforce acusam empresa de “furar” greve da Portway

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A Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce, que presta serviços de assistência em terra nos aeroportos, acusa a empresa de ter levado a cabo serviços para “furar a greve dos trabalhadores da Portway”.

Em comunicado, a CT garante que no passado dia 29 de dezembro, a empresa “prestou assistência de passageiros e bagagens em voos ‘charter’ com destino ao Funchal criados para substituir voos suprimidos em consequência da greve convocada pelos trabalhadores da Portway”, que atua na mesma área, nos aeroportos nacionais.

“Esta CT vem comunicar a todos os trabalhadores que partilha convosco um sentimento de enorme repúdio por esta iniciativa determinada pelos gestores da nossa empresa, que reproduz uma ação concertada no tempo já admitida pelo presidente executivo a este órgão, de colaboração mútua entre empresas, em flagrante violação do direito à greve consagrado na Constituição Portuguesa e definido na lei do trabalho em vigor, que determina claramente que ‘a tarefa a cargo de trabalhador em greve não pode, durante esta, ser realizada por empresa contratada para esse fim’”, lê-se na mesma nota.

O órgão que representa os trabalhadores defende que não pode acreditar que “em boa-fé” o presidente executivo da Groundforce “desconhecesse que a assistência a este tipo de voos visava furar a greve dos trabalhadores da Portway, que estava a ser cumprida nos termos previstos pela lei, não sendo permitido a ninguém, a título individual ou coletivo, substituir-se às autoridades do trabalho e Governo de Portugal na determinação de serviços mínimos quando os mesmos nem foram definidos”.

Para a CT da companhia, “esta substituição de trabalhadores grevistas causou elevada repulsa em quem se encontrava ao serviço, inclusivamente nas chefias”, garantindo que estas ações acabam por “manchar a reputação dos trabalhadores e desprestigiar a empresa”, sobrecarregando os trabalhadores por “ser realizada num dos dias mais movimentados”.

Segundo o comunicado, a CT assegura que prestará toda a “solidariedade e apoio a todos os colegas” que “sentirem que a prestação de trabalho nestes termos viola os seus princípios morais e éticos do desempenho da sua profissão e, assim, aleguem objeção de consciência, por forma a recusarem a atribuição de tarefas que reflitam uma interferência nas lutas pelos direitos dos trabalhadores por violadoras da lei da greve”.

O organismo diz ainda que está atento ao “comportamento reiterado do presidente executivo de pontualmente ignorar as leis de Portugal”, nomeadamente no que diz respeito “às liberdades e garantias de associação dos trabalhadores, comportamento censurável de desfavorecimento de organizações sindicais e que já motivou uma acusação do Ministério Público”.

Os trabalhadores da Portway estiveram em greve entre os dias 27 e 29 de dezembro, em protesto pela falta de progressão das carreiras, numa paralisação convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC).

A Lusa contactou a Portway e a Groundforce e encontra-se à espera de resposta.

A Portway é a empresa de “handling” (assistência em terra) da ANA -- Aeroportos de Portugal, dona dos aeroportos nacionais que foi privatizada e ficou nas mãos do grupo Vinci.

A Groundforce, por sua vez, tem como acionistas a Pasogal, TAP e Portugália.