Mulher de português infectado com coronavírus aconselhada a não falar com jornalistas
DGS garante que Adriano Maranhão será transferido para hospital de referência no Japão esta terça-feira
Emanuelle Maranhão, a mulher do primeiro português infectado com o coronavírus e que está retido no navio cruzeiro ‘Diamond Princess’, contou ao Jornal de Notícias (JN) que o Governo português aconselhou-a a não falar com jornalistas para não alarmar a população. Emanuelle Maranhão recusou e garante que não se cala enquanto o marido não for transferido para um hospital - que de acordo com as autoridades portuguesas, deverá acontecer durante a madrugada desta terça-feira.
Emanuelle Maranhão está revoltada com as condições às quais o marido, Adriano Maranhão, está sujeito, numa cabina do navio sem receber assistência médica e diz que as autoridades japonesas, a empresa de cruzeiros Princess Cruises e a embaixada portuguesa querem esconder o caso para minimizar o impacto negativo que as notícias estão a ter.
O ‘Diamond Princess’ está atracado desde o dia 3 de Fevereiro ao largo do Japão e Emanuelle Maranhão acusa a empresa de negligência com os tripulantes, já que Adriano Maranhão, que é canalizador no ‘Diamond Princess’, esteve a trabalhar desde 13 de Dezembro, apesar de o navio ter entrado em quarentena para os passageiros: ““Puseram em risco a saúde dos tripulantes (...) O meu marido contraiu o vírus por negligência do navio”, referiu ao JN.
Com Adriano confinado à cabina há três dias, Emanuelle revelou que o estado de saúde do marido se agravou. Esta segunda-feira foi autorizado a deixar a cabina por duas horas, à semelhança de outros tripulantes infectados com o coronavírus, embora só pudessem circular no piso superior do navio. Esta manhã foi medicado com paracetamol e não voltou a tomar mais medicação, “para não esconder os sintomas”, escreve o JN.
Adriano Maranhão será transferido esta madrugada, garante DGS
Por outro lado, a directora-geral da Saúde confirmou esta segunda-feira que Adriano Maranhão será enviado na próxima madrugada para um hospital de referência local.
Em conferência de imprensa hoje à tarde em Lisboa, Graça Freitas disse que Adriano Maranhão, que foi colocado em quarentena na sua cabina, será enviado para um hospital de referência, o que deverá ocorrer na próxima madrugada (hora de Lisboa).
Esta informação, disse Graça Freitas, foi transmitida à Direcção-Geral da Saúde (DGS) pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que tem representantes a seguir a situação no local.
A directora-geral de Saúde explicou que os sintomas do tripulante do navio de cruzeiros Diamond Princess indicam que a situação “não seja grave” e expressou a sua “empatia e simpatia” para com a família do trabalhador português, cuja mulher tem manifestado, em declarações à comunicação social, queixas de falta de acompanhamento da situação do marido.
Graça Freitas afirmou que inicialmente havia suspeitas de infecção entre oito portugueses que estavam no navio - três passageiros e cinco tripulantes.
Os passageiros não acusaram a doença e, dos tripulantes, quatro tiveram resultados negativos.
Quanto a Adriano Maranhão, canalizador no Diamond Princess, não tinha inicialmente sintomas, mas o exame revelou-se positivo.