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Magnitudes dos sismos no Faial não provocam “danos estruturais”

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O presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) afirmou hoje que, com as magnitudes registadas na crise sísmica do Faial, “não há possibilidades” de existirem danos estruturais nos edifícios da ilha.

“Se continuarmos com os sismos dentro das magnitudes que estamos a ter, é normal que as pessoas possam a vir a sentir mais alguns sismos, mas dentro destas magnitudes não há possibilidade de haver danos estruturais nos edifícios”, avançou à agência Lusa Rui Marques, salientando que esta crise sísmica ocorre a “uma distância muito grande da ilha do Faial”.

Desde 03 de novembro que está a ocorrer, numa zona entre os 25 e os 35 quilómetros a oeste do Faial, uma crise sísmica, que já registou mais de mil eventos, tendo a população sentido 33 sismos até ao momento.

O último aconteceu na passada madrugada, às 02:53 locais (menos uma hora que em Portugal continental), com magnitude 3,8 na escala de Richter, e o mais intenso ocorreu em 05 de novembro, com magnitude de 4,4 na mesma escala.

Os sismos são classificados segundo a magnitude, de acordo com a escala de Richter, como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (quando superior a 10).

A crise sísmica do Faial ocorre numa zona que “recorrentemente apresenta incrementos da atividade sísmica”, tendo este ano sido registados outros dois incrementos da atividade naquela zona, disse.

Este corresponde ao terceiro período de intensa sismicidade naquela localização e diferencia-se pela ocorrência de sismos sentidos pela população e pela “energia libertada”, fator relacionado com a magnitude dos sismos.

“Claramente estamos a ter uma atividade que não é uma atividade sísmica que se regista todos os dias do ano”, assinalou Rui Marques.

Devido à magnitude dos eventos, o presidente do CIVISA estabeleceu um paralelismo entre esta e a crise sísmica ocorrida de novembro de 1992 a fevereiro de 1993, no mesmo local, onde os sismos registados apresentaram magnitudes superiores às atuais e não provocaram “danos significativos”.

“Os sismos que estamos a registar neste momento têm magnitude muitíssimos inferiores e mesmo um sismo de magnitude de 5,8, em janeiro de 93, não produziu danos significativos, fez pequenas fissuras em edifícios debilitados”, destacou.

Atualmente, esta crise sísmica ao largo da ilha do Faial, no grupo central do arquipélago dos Açores, atravessa um “período de menor libertação de energia” e com “menor frequência” da ocorrência de sismos.

Contudo, este decréscimo tanto pode significar uma aproximação ao final da crise ou ser um “período transitório”, uma vez que neste tipo de acontecimentos existem “períodos com maior e menor libertação de energia”.

“É totalmente impossível conseguirmos prever o final ou o aumento deste incremento de atividade”, apontou.

Sobre a possível relação da crise sísmica ao largo do Faial com outros sismos sentidos na Europa nos últimos dias, como na Grécia (grau 6 na escala de Richter) ou na Albânia (6,4), Rui Marques considera que um “movimento mais brusco numa placa tectónica” pode “influenciar outras zonas”, mas rejeita qualquer influência entre os acontecimentos.

“Não se pode nunca pôr completamente de parte a associação de alguns eventos sísmicos. Agora, se me perguntar diretamente se o sismo que tivemos na Grécia ou na Albânia, a crise sísmica que estamos a registar a oeste do Faial não terá nada que ver com esses sismos”, afirmou.

O presidente do CIVISA considerou que atualmente existe “muito mais acesso à informação”, o que potencia “leituras erradas” acerca da “perceção de que existem mais sismos de grande magnitude” nos dias que correm.

O investigador apontou que, apesar de “algumas hipóteses serem debatidas ao nível científico”, não há qualquer ligação comprovada entre o número de sismos e as alterações climáticas

“Atualmente, não há nada que nos diga, ou provas factuais, que há alguma ligação entre alterações climáticas e o facto de existirem mais ou menos sismos ao nível do planeta Terra. Não é factual”, apontou.