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Governo marca reunião de conciliação entre Sindicato de Bancários do Norte e BCP

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O Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e o BCP vão ter uma reunião de conciliação sob a mediação do Ministério do Trabalho no dia 24 de maio, no Porto, sobre o conflito relativo a aumentos salariais.

A reunião decorre de um pedido do sindicato ao Ministério do Trabalho para que haja, “com urgência, uma reunião de conciliação com vista à solução de impasse em que se encontram as negociações relativas à revisão do ACT BCP referentes a 2018”, lê-se no comunicado hoje divulgado.

O SBN exige atualizações salariais com efeitos a 2018, pedindo desde já os aumentos salariais acordados entre os sindicatos e a Associação Portuguesa de Bancos (que foram em média de 0,75% em 2018), ao mesmo tempo que continuam as negociações para a revisão do acordo de empresa do BCP.

Segundo explicou à Lusa o presidente do sindicato, Mário Mourão, há quase dez anos que os trabalhadores do BCP não têm aumentos salariais, tendo tido mesmo cortes entre meados de 2014 e 2017, e o presidente executivo do banco, Miguel Maya, recusou em reunião aumentos salariais relativos a 2018.

“Não aceitamos que em 2018 haja um apagão”, referiu.

Já para 2019, o banco quer dar aumentos de 0,6% e recusa-se a negociar, diz o dirigente sindical, considerando que isso não é negociar, uma vez que um processo negocial exige “sentar à mesa e aproximar posições”.

Mário Mourão diz mesmo que o BCP nunca respondeu à proposta reivindicativa do sindicato e acrescentou que o Novo Banco que está em situação mais difícil acompanhou, no ano passado, os aumentos salariais do setor.

“Além disso, no ano passado o BCP não se coibiu de pôr 4,9 milhões de euros no fundo de pensões para administradores”, referiu o presidente do SBN.

No comunicado hoje divulgado, o SBN diz que o “impasse nas negociações para 2018 representa uma verdadeira recusa do BCP de cumprir o dever de negociar, o que é tanto mais inadmissível quanto é certo que a última revisão do ACT para o Grupo BCP já foi publicado há mais de dois anos, sem aumentos salariais, pelo que os trabalhadores do BCP se encontram sem atualizações salariais desde janeiro de 2010, com a agravante de ter havido redução das condições retributivas em 2014”.

Na reunião de conciliação de 24 de maio, próxima sexta-feira, participarão ainda no encontro o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB).

Por causa da falta de melhorias salariais, os trabalhadores do BCP manifestam-se na próxima quarta-feira em frente às instalações do banco no Taguspark, em Oeiras.

A organização do protesto é dos Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), Sindicato Independente da Banca (SIB) e Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e coincide com a assembleia-geral anual de acionistas do BCP.

O BCP reduziu milhares de trabalhadores nos últimos anos e entre meados de 2014 e meados de 2017 corotu as remunerações acima de 1.000 euros brutos mensais (entre 3% e 11%), no âmbito do plano de reestruturação acordado com Bruxelas que se seguiu à ajuda estatal (de 3.000 milhões de euros).

Os cortes salariais acabaram em julho de 2017, tendo então o banco dito que permitiram salvar 400 postos de trabalho.

Então, o BCP prometeu devolver aos trabalhadores o valor cortado nesses anos, indo à próxima assembleia-geral a proposta de compensação de 12,6 milhões de euros.

Miguel Maya disse, em 09 de maio, na apresentação de resultados do primeiro trimestre, que a proposta de compensação aos trabalhadores é “mais generosa” do que a proposta de dividendos aos acionistas.

Sobre a revisão do acordo de empresa, que está a ser negociada com os sindicatos, Miguel Maya não adiantou então detalhes, dizendo apenas que o processo decorre.

O BCP tinha 7.262 trabalhadores em Portugal no final de março.