Crónicas

Pai Natal o ano inteiro

Esta campanha agora faz-se assim? Sem a distribuição de cheques de 100 ou 200 euros, mas dando a ideia de que daqui até 2019 vamos ver o Pai Natal passar o ano inteiro? Peçam! Ele consegue! Peçam o hospital ou dois, a ponte entre a Madeira e o continente, os aviões, o ferry, mais dinheiro, peçam até a Tesla, a Ferrari ou a Boeing (viagens mais baratas?) que tudo se consegue. Basta ter a bênção e a proteção de quem tem o poder nas mãos

A Madeira precisa, talvez, de uma ponte daquelas mesmo físicas até ao continente. Assim pouparíamos imenso dinheiro nestas coisas de viagens aéreas ou de barco. Bem... claro que depende das portagens, mas será que em 2019 se nós pedirmos muito e votarmos no atual presidente da câmara do Funchal para presidente do Governo, o executivo da República abre os cordões à bolsa e manda construir esta hipérbole?

Tudo é possível nos dias que correm...

Sempre que o candidato apoiado pelo Partido Socialista à presidência do Governo Regional vai a Lisboa, atira-nos com pozinhos de perlimpimpim que até chegam a encegueirar perante o mundo cor-de-rosa que (literalmente) nos pinta.

Todos os problemas que a Madeira atravessa terão solução. No tempo certo. A seu tempo. Numa certa agenda.

Será justo? Será correto acenar com promessas e garantias de os problemas reais, urgentes e atuais sejam apenas resolvidos daqui a uns tempos?

É verdade que temos um dos governos regionais mais fracos de sempre, tendo em conta todos os anteriores. É verdade que perdemos o poder de negociação em Lisboa, muito graças ao desaparecimento da influência nos corredores de São Bento. É verdade que estamos carecidos de lideranças fortes, mas será honesto e até mesmo prudente enveredar por aquilo que parece oportunismo político?

Depois isto leva-me a fazer outra pergunta e julgo que não sou a única a pensar no assunto: então todos os entraves colocados até agora, a falta de entendimento e até de comunicação entre Madeira e Lisboa, são propositados para “criar” a imagem e abrir caminho a um D. Sebastião?

Esta campanha agora faz-se assim? Sem a distribuição de cheques de 100 ou 200 euros, mas dando a ideia de que daqui até 2019 vamos ver o Pai Natal passar o ano inteiro? Peçam! Ele consegue! Peçam o hospital ou dois, a ponte entre a Madeira e o continente, os aviões, o ferry, mais dinheiro, peçam até a Tesla, a Ferrari ou a Boeing (viagens mais baratas?) que tudo se consegue. Basta ter a bênção e a proteção de quem tem o poder nas mãos.

Peçam ao Pai Natal, ele consegue!

Começar pelo fogo de artifício, fazendo a festa e apanhando as canas, sem mostrar a sua habilidade na construção da casa e respetivo material usado, não é de todo a estratégia esperada de um candidato que é tido por diferente e capaz de mudar os destinos de uma Região.

Para ter confiança é preciso merecê-la e há muitas pontas soltas que começam a cheirar a manha, nomeadamente quando se pega nos dossiers atuais que estão a falhar (propositadamente, será?) e, num passe de mágica, depois de umas fotografias e uns abraços, anunciar a sua resolução sem explicar bem como, nem quando.

E vamos falar agora de Autonomia. Essa que anda de boca em boca e cujo significado tantos desconhecem. Os mais antigos diziam que “quem muito se agacha o cú lhe aparece” e não foi desta forma que os madeirenses conquistaram a pulso, sangue e sacrifícios, o seu regime autonómico. Todos eles, de todas as cores políticas, passando pelos “incolores” até esse povo anónimo, souberam defender a sua ilha com unhas e dentes, não perdoando os falsos profetas que, sorrateiramente, os colocavam entre a espada e a parede.

Lutar pela Autonomia não é posar para fotografias, fazer apreciações sobre o estado de uma Região que mais parecem ideias vagas retiradas do Ocorrências da Madeira. Lutar pela Autonomia não é aparecer ao lado de um indivíduo importante do continente e dizer que o problema tal há de ficar resolvido. Quando? Só o calendário eleitoral saberá.

Lutar pela Autonomia não é deixar a população à espera para que as coisas aconteçam. Isto dá a ideia de que ou votas em mim, ou isto continua tudo entalado. E ainda falam no ressurgimento do “contencioso das autonomias”?! Tenham juízo! Pilatos foi tão culpado como os outros!

O trabalho de casa para 2019 faz-se estudando profundamente os dossiers de cada área complicada sobre o que é gerir uma Região Autónoma que não é o mesmo que gerir uma autarquia. Estudar, perceber, entender, mas sem mostrar uma espécie de oportunismo barato porque uns são filhos de Deus e outros são filhos do diabo. O trabalho de casa não é fazendo ou arrancando promessas que têm uma agenda própria, revelando que, afinal, o “último Profeta” mora na Madeira.