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Santo da Serra, pilar desportivo e turístico

Poucas infra-estruturas desportivas têm uma importância e significado tão alargado como o campo de golfe do Santo da Serra.

Nascido em 1937, há 81 anos, por obra de um grupo de ingleses residentes na Madeira, veio dar lugar a um clube desportivo e a uma infra-estrutura turística que, se em condições de boa qualidade, pode proporcionar um nicho de turismo do mais elevado poder de compra.

Um dia de golfe deverá custar mais de 200 € por pessoa, valor que nenhuma outra opção de lazer para fazer no dia poderá sequer se aproximar.

É aqui que entra a ideia errada de que o golfe é só para ricos. Evidentemente que o exemplo anterior mostra que para viajar e jogar golfe custa muito caro. Outra coisa é praticar esta modalidade no seu clube, onde, se jogar cem vezes no ano (duas vezes por semana) terá um custo inferior a 10 € por dia de golfe.

É por isso que o Santo da Serra tem como praticantes de golfe inúmeros profissionais de diferentes actividades, na sua maioria por conta de outrem, reformados, desempregados, estudantes, etc..

Como curiosidade, o nosso campeão de 2018 é profissional de táxi, enquanto o campeão de seniores é técnico de parques de estacionamento.

As escolas de golfe fazem do Santo da Serra um polo de jovens que encontraram no golfe uma referência de conduta de vida. O fairplay é obrigatório já que o árbitro do jogo é, nem mais nem menos, que o seu adversário directo. Esta regra vale para amadores e profissionais. Julgo que tal não podia acontecer em outro desporto. Todos têm comportamento irrepreensível o que lhes proporciona um elevado respeito para a vida. O Santo da Serra já foi campeão de Portugal por equipas em todas as categorias.

Um campo de golfe é extraordinariamente caro construir e, sobretudo, manter em boas condições de jogo. Uma elevada qualidade atrai jogadores enquanto o contrário afugenta.

Para que haja um nível de uso do campo, por praticantes residentes com preço acessível, é necessário captar turistas praticantes que paguem um preço alto que suporte as principais despesas de manutenção. Isto só é possível se o campo for de qualidade e recomendado pelos comentários de outros jogadores.

A perda de qualidade provoca perda de receitas.

A manutenção do campo está associada directamente a ter água disponível em quantidade suficiente. O que deixou de acontecer no Santo da Serra nos últimos quinze anos. Um campo gabado por todos os especialistas em golfe, nomeadamente pelos principais jogadores mundiais que participaram no Open da Madeira deu lugar a um campo remediado que apenas dá para suportar. É recuperar e ler os seus comentários.

O ‘know-how’ existe. A água escasseia.

Acontece que o Clube de Golf do Santo da Serra fez, em 1997, um contrato de concessão com o Governo Regional pelo qual o Clube se comprometeu, a pagar renda anual, a ampliar o campo em mais nove buracos - tinha 18 passou a ter 27 - , a construir um novo ‘clubhouse’ e a realizar uma completa limpeza e florestação de todos os cem hectares do campo. Um investimento de quatro milhões de euros. Com o compromisso do fornecimento da água necessária à procura da excelência requerida para atrair estrangeiros praticantes de golfe. Tudo isto se conseguiu até que faltou a água, o campo degradou-se e as receitas desceram a pique.

É justo que se regularize o fornecimento de água, a que está obrigado o Governo Regional, obviamente implementando técnicas de elevada eficiência e pouca perda.

Como referi antes, este problema tem mais de dez anos. Felicito este Governo Regional por resolver o assunto. Será muito bom para o turismo, atraindo turistas que agora não optam por viajar para a Madeira.

Será também bom para o Palheiro Golf. Quanto ao Campo de Golfe do Porto Santo, é a grande infra-estrutura turística da Ilha Dourada , disponível todos os dias do ano e, actualmente, superlotada de dinamarqueses a jogarem golfe, o que deveria obrigar a preparar uma nova etapa na sua existência.

Quero crer que vem aí o campo de golfe da Ponta do Pargo e, sou de opinião,

que o melhor espaço disponível na Madeira para conceber um novo e excelente campo de golfe é a Ribeira do Faial.

O golfe é um extraordinário contributo para a economia e para o desporto.