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Quem nunca se viu e que se vê...

Continua a fazer-me confusão esta coisa de ver os partidos políticos a dividirem, qual tratado de Tordesilhas os cargos que deveriam ser de competência técnica

Este é um ano especial. Além de bissexto, teve neste mês, bem no início, uma capicua: 02/02/2020.

Talvez seja por isso que:

“Quem nunca se viu e que se vê, nunca mais se deixa de ver” - como reza o velho adágio, provando que a sabedoria popular é imensa e cheia de razões.

É o que mais se tem visto por aí. Gente que nunca se tinha visto e que, de repente, se vê!

E o que é pior, vê-se através da ânsia do “poder”.

O poder, aquela coisa que transforma qualquer pacato (bem, pacato q.b., porque a ânsia já lá mora, adormecida mas viva, à espera de uma pequena janela por onde se exibir, se fôr uma porta melhor ainda porque a exibição é muito maior, e se fôr um portão de quinta, etc., etc., já deu para entender...) cidadão num potencial energúmeno, tendo por energúmeno aquele tipo de pessoa que configura um estilo de fanático intolerante ou, em alternativa, uma pessoa considerada ignorante ou muito básica, quer dizer boçal.

De acordo com os dicionários, um boçal pode ser uma espécie de cabresto forte, isto é, uma rede de corda que se adapta ao focinho dos animais para que não comam ou, também segundo os dicionários, define também quem tem pouca educação ou pouca delicadeza, isto é, que é estúpido/a (a igualdade de géneros assim obriga!) ou grosseiro/a (idem).

Quem nunca se viu e que se vê tem, muitas vezes, tiques de boçalidade quando teima em não deixar de se ver, e o “poder” tem um enorme poder!

Alguns exemplos bem recentes:

um obscuro advogado doutorado em Direito Público, que criticou na sua tese a “estigmatização de minorias”, não se coíbe de fazer o que criticou, ou uma obscura licenciada em História Moderna e Contemporânea, doutorada em Estudos Sociais, que faz por se estigmatizar sem precisar que o façam por ela, são os exemplos mais recentes e mais visíveis de quem nunca mais se deixa de ver

(deixando bem claro que, por si só, o facto de alguém ter estudos a nível de doutoramento não o/a previne da mais baixa boçalidade)!

É vê-los, ela e ele (para se cumprir a coisa dos géneros) a digladiarem argumentos para se alcandorarem ao título de maior “deixador/a” de se ver.

Continuariam, obscurantemente, ela e ele (novamente a cretinice dos géneros) a não se verem. Ninguém os veria se não tivessem chegado àquele que tudo transforma e que tudo corrompe: o “poder”!

Não que o tenham, mas estão num conjunto social que o tem, e isso só por si já é um poder que nunca teriam. E como não querem deixar de se ver, nunca jamais em tempo algum, vêm à superfície as definições acima descritas para os comportamentos que têm exibido: boçalidade a roçar a atrocidade.

Mas não se pense que são os únicos!

Não! Há, dentro do mesmo conjunto social, alguns que ao se verem, nunca mais se querem deixar de ver e que tudo fazem para chegar a esse mesmo poder.

Rodriguinhos para cá, rodriguinhos para lá, alguma dose de contorcionismo pelas costas abaixo, que essa coisa de ter a coluna vertical não é para todos, paninhos quentes à mistura que o poder cheira e está ali à esquina, são alguns dos elementos usados por quem nunca se viu e que se quer ver, para que nunca mais se deixe de ver.

E ainda estamos em Fevereiro, num ano sem eleições.

Aguardemos então até o próximo ano, já não bissexto e sem capicuas...

P.S. (post-scriptum) – continua a fazer-me confusão esta coisa de ver os partidos políticos a dividirem, qual tratado de Tordesilhas, os cargos que deveriam ser de competência técnica, como as Direcções de Serviço de Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares. Tu ficas com três, eu fico com quatro, mais uma nisquinha para ti e uma nisquinha para mim, e todos ficam contentes. Mesmo que a competência, técnica, científica, profissional e humana pare por outras bandas.

P.S. (Porto Santo) – abriu um gabinete da Assembleia Legislativa Regional

(Região Autónoma da Madeira, Arquipélago da Madeira, composto pelas Ilhas da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens)

no Porto Santo. Sugiro o mesmo em cada Concelho da Madeira, não vão os naturais dos Concelhos da Ilha da Madeira ficarem com ciúmes dos naturais do Concelho da Ilha do Porto Santo!

Desertas e Selvagens sem direito a protesto!