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O mundo mudou

Quanto tempo vamos estar à mesa a falar com o telemóvel sem falar uns com os outros?

O mundo mudou, aliás, está sempre a mudar, mas últimamente mudou muito! Por força de circunstâncias várias, de evoluções e desenvolvimentos mais céleres, pela adopção de novas fórmulas e atitudes na espécie humana, pela evolução tecnológica que pula e avança a cada minuto que passa.

A população mundial, neste novo status, viaja cada vez mais, com maior facilidade, com todas essas deslocações a interferirem nos diferentes ambientes visitados, provocando muitas interligações e intercâmbios, com diferentes povos, com diferentes hábitos, costumes e tradições, num ambiente de mútuo reconhecimento e aproximação. Tudo se tornou fácil, nas deslocações ... como será fácil hoje preparar uma viagem transcontinental em 2 ou 3 dias.

Os conflitos no mundo, sejam guerras verdadeiras, sejam disfunções políticas ou religiosas em países desequilibrados, acontecem no território sub-sariano, no médio oriente e arredores, na América Latina, provocando a deslocação de populações - que não emigram mas fogem desordenadamente - e que, de “mãos vazias” procuram a estabilidade europeia, onde prevalece o apoio, a condescendência e a receptividade. Estas deslocações de pessoas, tendem a ser definitivas e assim podem modificar a estrutura organizacional dos países escolhidos para permanecer. As recentes deslocações, dum certo país da América Latina fizeram-se preferencialmente para o território português, quer para o continente ou então para as ilhas, fugindo desesperadamente dum regime político totalitário, desleal e desumano, onde impera, o medo, a perseguição, a fome e a miséria. Fazendo lembrar um regime idêntico de esquerda totalitária num país da Europa, situado no norte europeu e também asiático. Também há deslocações de pessoas com o intuito de conhecerem outros países, outras culturas ... de procurar outros trabalhos melhor compensados financeiramente. O programa Erasmus é um exemplo prático da quebra de horizontes, da aproximação das diferentes culturas e das diferentes formas de aprendizagem, uma oportunidade para conhecer a realidade da vida de outros países e com eles realizar ligações.

Mas todas estas deslocações não ficam isentas de problemas, de choque cultural, de conflitos, de agressividade, neste intercâmbio colossal com imensas pessoas, imensos cérebros, imensos feitios e modas.

De visita ao nosso pequeno rectângulo, reparamos que muitas mudanças ocorreram, sem preparação, sem prioridades, esquecendo que metade da população é física, psíquica e culturalmente idosa. E esquecendo que essa metade da população considera a sexualidade um assunto tabu e acha também que os cães e os gatos não passam de simples cães e gatos! E as touradas, garraiadas e “pegas de caras” são festas de carne e osso, representativas da histórica bravura lusitana! E também o Galo de Barcelos, não é mais do que a representação física, escultural, de uma lenda antiga ... onde se salvou um galego de morrer na forca!

O mundo mudou e mudou também para os emigrantes, que antes procuraram novas oportunidades, com empenho e esperança e mais tarde, quando por razões inevitáveis voltam ás origens, encontram protecção, segurança, desenvolvimento, progresso, num país que afinal os acode, auxilia, aceitando recebê-los, permitindo que estabilizem as suas vidas.

As mudanças vêm-se, na dependência das pessoas pela cibernética, permanecendo todas, como que “coladas” a uma enorme teia de aranha, e assim sabendo de tudo ... e de todos ... e tudo o que acontece no mundo é partilhado instantâneamente. Como havia “advinhado” o genial Albert Einstein ... que o mundo inteiro iria ficar um dia “pregado” ás máquinas. Ao telemóvel e ao computador! Como aquela cena na mesa do jantar familiar de Natal ... com todo mundo de telemóvel na mão, a ler e a enviar mensagens e a rir das patatetices das mesmas!

O homem inventou as máquinas que irão mandar nele, “ in saecula saeculorum”!

O mundo mudou e as cidades portuguesas estão cheias de padarias - que vendem pão de manhã e “gin-tonic” á noite, cheias de lojas da imobiliária - que procuram turistas franceses, ingleses, brasileiros e asiáticos para vender o que já ninguém consegue comprar - e cheios de restaurantes com comida crua - uma moda oriental com maquilagem europeia.

O mundo mudou realmente e não temos de ir ás Caraíbas para ver um furacão passar... por cima das nossas cabeças!

O mundo muda sem parar: mudaram a PGR, o juiz da “Operação Marquês”, 4 ministros, o CEM do Exército, tudo em poucas horas, ... como se muda de camisa!

Será que estamos numa fase de adaptação? De novas experiências ... e depois vamos descartar o que está errado? Quanto tempo vamos estar á mesa a falar com o telemóvel sem falar uns com os outros? Para que vai servir o cérebro se os aparelhos vão pensar por nós? Quantas áreas da Ciência vão ter novos aparelhos para substituir as pessoas? Vão inventar um comprimido, sem gosto - para tomar com um copo de vinho tinto - que corresponde a uma dose individual de “cozido á portuguesa”?

Deus nos livre se a evolução evolui, sem o controlo efectivo do ser humano!

Talvez se invente uma vacina à medida!

Hoje, fico por aqui!