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De vitória em vitória até à derrota final...

O CDS que fez da saúde um tema bandeira, antes e depois das eleições, parece que entrou em coma

A situação que estamos a viver na região, em matéria governativa, lembra-me o aforismo que serve de título.

Na noite das eleições regionais, a euforia que trespassou os partidos do governo parecia que estávamos perante umas grandes vitórias sem paralelo na história. Afinal, formar-se-ia governo em que o partido vencedor e o partido mais derrotado estariam unidos para garantir a vontade popular.

Desde o dia 22 de Setembro de 2019, passados quase quatro meses, ainda há nomeações, acertos, criação de postos, mexidas, mexidinhas e quejandos. É dar uma vista de olhos pelo Jornal Oficial da RAM (JORAM) para ver o que para aí ainda anda.

A euforia está, paulatinamente, a dar lugar à disforia. O CDS que fez da saúde um tema bandeira, antes e depois das eleições, parece que entrou em coma. A nomeação proposta pelo CDS para um cargo de responsabilidade na saúde regional, afinal está ferida de ilegalidade. Por outro lado, durante a legislatura anterior, o seu “porta-voz” para a área da saúde tornou-se um incómodo sério e credível junto da opinião pública. Fácil de resolver: provocar uma mexida no tabuleiro do xadrez do parlamento regional, com o sacrifício do “cavalo”, evitando assim que se viesse a transformar num cavalo de Tróia.

Malhas que o império tece...

Durante os últimos anos, os problemas da Madeira foram todos provocados pela anti-autonomia de Lisboa. Agora, a verbosidade agressiva acabou e deu lugar a uma tentativa de namoro. À procura dum dote acrescido. Depois, em 2021, mandando a credibilidade às urtigas, voltar-se-á à carga da maledicência e discursos figadais onde a bílis será expelida toda e em força.

Um pouco como está a acontecer com o ferry que vinha, mas não vem. Afinal, vêm agora dizer que não haverá ferry. Passe, desde já, a minha posição nesta matéria: tenho sérias dúvidas quanto às suas mais valia e necessidade e não tenho conhecimentos nem dados necessários para justificar um ferry todo o ano. Será que, económica e socialmente, se justifica o esforço financeiro de alguns milhões para transportar algumas centenas de pessoas? Será que o benefício do transporte de mercadorias se reflecte no bolso de todos os madeirenses que justifique essa ansiedade? Tenho sérias dúvidas. Faltam-me as certezas.

Ou será que é preciso esbanjar o dinheiro dos nossos impostos? Ou satisfazer alguma clientela? Para a primeira questão, reduzam as taxas. Para a segunda, arranje-se mais umas nomeações. Ainda faltam três anos e oito meses. Se levarem o mandato até ao fim...

É que, no meio destas vitórias, tal como já sucedeu no passado, ganham alguns e pagamos todos.