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Visita permitiu conhecer melhor realidade dos portugueses na Venezuela

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A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, disse hoje que a visita de cinco dias à Venezuela permitiu um melhor conhecimento dos problemas e realidade da comunidade luso-venezuelana.

“A missão está cumprida no sentido de um melhor conhecimento das situações e dos problemas, mas agora tenho muito trabalho de casa para fazer”, afirmou Berta Nunes.

A governante falava à agência Lusa ao finalizar a deslocação à Venezuela, onde manteve contacto com autoridades locais e com portugueses em Caracas, Los Teques, Carrizal, Maracay e Valência.

“[Há] muitas questões que irei transmitir também superiormente e iremos trabalhar também na Secretaria de Estado de forma a melhorar tudo o que temos vindo a fazer e resolver algumas situações que nos foram transmitidas e que são também ainda um problema”, adiantou.

Berta Nunes disse levar da Venezuela “muito trabalho e também uma grande sensibilização”.

“(...) Fiquei extremamente surpreendida com o empreendedorismo, com o esforço, com a resiliência da nossa comunidade e isso também me dá mais responsabilidade e mais empenho para poder fazer mais e melhor por esta comunidade”, referiu.

Berta Nunes frisou ainda que a sua “principal prioridade continuará a ser acompanhar” os portugueses da Venezuela, “tendo em conta as várias situações e problemas que a comunidade enfrenta”, para “dar um contributo, uma ajuda” para ultrapassar essas dificuldades.

“De facto, a crise teve um impacto grande na nossa comunidade, temos problemas sociais, de segurança, mas da nossa parte, ouvindo a comunidade, dialogando com a comunidade, acompanhando e vindo cá as vezes que forem necessárias, iremos continuar a apoiar naquilo que for necessário e estiver ao nosso alcance”, garantiu.

A governante salientou que “a comunidade pode estar completamente ciente de que o Governo português vai continuar a dar este apoio, esta presença e este acompanhamento”.

Durante a visita, a secretária de Estado manifestou preocupação com a situação dos portugueses idosos, ouviu queixas de atrasos nos processos de atribuição de apoio social a idosos e a emigrantes carenciados, e instruiu os consulados para “fazer um memorando sobre o que é que é preciso mudar, melhorar e acelerar”.

Berta Nunes anunciou ainda que Portugal vai aumentar de 30 para 45 euros o valor mínimo a atribuir aos portugueses carenciados.

Nos encontros com a comunidade, a governante ouviu preocupações relacionadas com os pedidos de nacionalidade (que aumentaram significativamente no interior do país), com a obtenção de medicamentos e anunciou que o Governo português está a ponderar alargar o leque de fármacos que distribui através das redes de apoio a cidadãos nacionais residentes na Venezuela, para incluir também as doenças crónicas.

Berta Nunes também ouviu queixas da comunidade portuguesa em relação aos “preços elevados” praticados pela TAP e à “falta de comodidade” nos aviões usados nos voos para a Venezuela, cuja duração é de mais de oito horas em cada sentido.

A secretária de Estado queixou-se de que a crise venezuelana deixou de ser notícia na imprensa de Portugal, mas que “é importante que as pessoas percebam que a Venezuela continua a precisar de atenção e de apoio”.

A governante realçou, por outro lado, a capacidade de mobilização e de entreajuda da comunidade portuguesa, e o trabalho dos consulados e das associações lusas locais, como são os casos do Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, o Lar Geriátrico de Maracay, o Centro Português de Caracas, a Casa Portuguesa de Maracay, o Centro Social Madeirense de Valência e a Casa Portuguesa Venezuelana de Carabobo.

Segundo Berta Nunes, a organização não-governamental “Regala una sonrisa” (Dá um sorriso) vai contar com o apoio da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas para identificar “muitos idosos (portugueses) que não estão na rua, mas que estão sozinhos em casa, em situações muitas vezes de abandono e até de indigência”m e “começar a trabalhar essas situações”.