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Parlamento do Kosovo aprova formação de exército

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O Parlamento do Kosovo aprovou hoje por unanimidade dos 107 deputados presentes a criação de um exército, uma decisão criticada pela maioria dos países europeus e que está a aumentar a tensão com a minoria sérvia e Belgrado.

“O Parlamento do Kosovo adotou a lei sobre a força de segurança do Kosovo! Felicitações!”, disse o Presidente do Parlamento perante os deputados presentes, uma vez que os eleitos da minoria sérvia boicotaram a sessão.

A integridade e a segurança do Kosovo são asseguradas desde 1999 por uma força internacional liderada pela NATO.

Os 120 deputados do parlamento de Pristina foram chamados a pronunciar-se hoje sobre três projetos-lei que transformam as Forças de Segurança do Kosovo (FSK) num exército regular.

Após a aprovação da criação do Ministério da Defesa, os 107 deputados presentes aprovaram hoje a transformação das Forças de Segurança do Kosovo (FSK), que tinham uma missão essencialmente civil, num exército.

O terceiro texto, sobre a organização desta força militar, ainda deverá ser examinado.

Na quinta-feira, e após conversações com o chefe da missão da ONU no Kosovo, o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, considerou a decisão do Kosovo “uma nova medida unilateral e provocatória” que aumenta as preocupações da Sérvia sobre o futuro dos sérvios do Kosovo, cerca de 120.000 dos perto de dois milhões de habitantes.

Vucic avisou então que a Sérvia faria “o melhor possível para preservar a paz e estabilidade”, mas avisou que a situação poderia “agravar-se consideravelmente” caso o Kosovo adotasse a decisão.

A Sérvia alega que o principal objetivo do novo exército consiste em promover uma “limpeza étnica” no norte do Kosovo, onde se concentra a maioria da população sérvia kosovar, um propósito firmemente negado pelo Presidente Hashim Thaçi, um dos mentores da nova força militar.

Esta iniciativa surge quando as tensões entre Pristina e Belgrado voltaram a atingir um ponto crítico, entre rumores de trocas de territórios entre os dois países e quando o difícil diálogo sobre a “normalização” das relações, que tem decorrido em Bruxelas sob a égide da União Europeia (UE), está bloqueado. E além da recente decisão do Governo kosovar de impor taxas de 100% aos produtos importados da Sérvia e da Bósnia-Herzegovina.

Bislim Zyrapi, conselheiro para a segurança nacional do Presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, precisou que o futuro exército deverá integrar 5.000 homens e 2.500 reservistas, com um custo avaliado em 100 milhões de euros. E o primeiro-ministro, Ramush Haradinaj, sublinhou que este exército vai “ajudar à paz e estabilidade no mundo”, com a vocação de “apoiar a NATO e as Nações Unidas” nas suas missões internacionais.

Os responsáveis kosovares também já informaram o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, sobre esta decisão “definitiva”, apesar das pressões em sentido contrário emitidas pela UE e pela própria Aliança Atlântica.

Apenas dois países aliados declararam o seu apoio ao novo exército: Estados Unidos e Reino Unido.

Pelo contrário, Stoltenberg reagiu de forma cautelosa à iniciativa dos aliados kosovares e alertou para os riscos de desestabilização da região.