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Lava Jato apresenta denúncia contra executivos do grupo Petrópolis no Brasil

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O grupo de trabalho da operação Lava Jato, que investiga crimes na Petrobras e outros órgãos públicos do Brasil, denunciou hoje Walter Faria e outras 22 pessoas vinculadas ao grupo Petrópolis, por 642 atos de branqueamento de capitais.

Segundo as autoridades brasileiras, o alegado esquema criminoso envolvendo o grupo Petrópolis movimentou o equivalente a 1,1 mil milhões de reais (240 milhões de euros), montante que terá sido branqueado a favor da construtora Odebrecht, entre 2006 e 2014.

“Conforme apontam as provas colhidas na investigação, Faria, proprietário do grupo Petrópolis, atuou em larga escala no branqueamento de ativos e desempenhou substancial papel como grande operador do pagamento de subornos principalmente relacionadas a desvios de recursos públicos da Petrobras”, disse em comunicado o Ministério Público Federal.

O órgão de justiça brasileiro acrescentou que, “em troca do recebimento de altas somas no exterior e de uma série de negócios jurídicos fraudulentos no Brasil, Faria atuou na geração de recursos em espécie para distribuição a agentes corrompidos no Brasil, na entrega de suborno travestida de doação eleitoral no interesse da Odebrecht, e na transferência, no exterior, de valores ilícitos”.

O procurador Antonio Diniz, que faz parte da investigação, destacou que os executivos do grupo Petrópolis teriam criado e movimentado um esquema ilícito muito sofisticado.

“Neste caso foram utilizadas várias técnicas de branqueamento de capitais, dentre as quais se destaca a chamada ‘commingling’, [termo em inglês usado para denominar pratica criminosa que mistura recursos ilícitos à atividade lícita de uma empresa] que deixa ainda mais difícil a descoberta e comprovação dos crimes”, explicou Diniz.

A denúncia é fruto de uma fase anterior da operação Lava Jato, que apurou o envolvimento de executivos do grupo Petrópolis em esquemas de branqueamento de capitais com dinheiro desviado de contratos públicos da Petrobras.

Em 31 de julho, a 62.ª fase da operação Lava Jato cumpriu um mandado de prisão preventiva contra Walter Faria e outros cinco mandados de detenção contra executivos da mesma empresa, suspeitos de praticar atos ilícitos.

Na ocasião, os investigadores informaram terem indícios de que o dono do grupo Petrópolis atuou “em larga escala para fazer o branqueamento de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil” e que terá agido como um operador de pagamento de subornos em nome da construtora Odebrecht.

O executivo também foi acusado de transferir dinheiro ilícito em forma de doação eleitoral para partidos políticos em nome da Odebrecht e para agentes públicos beneficiados pelo esquema de corrupção na estatal petrolífera Petrobras.

Lançada em 2014, a operação Lava Jato trouxe a público um gigantesco esquema de corrupção de empresas públicas, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o antigo Presidente brasileiro Lula da Silva.