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Detido diz ter pirateado telemóveis de autoridades brasileiras e enviado informação ao The Intercept

Foto Facebook
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Um dos presos na operação da Polícia Federal brasileira que investiga pirataria cibernética contra autoridades do país confessou o roubo do material que está a ser publicado pelo portal jornalístico The Intercept, que coloca em causa a Operação Lava Jato.

Walter Delgatti Neto, preso na última terça-feira juntamente com outras três pessoas, assumiu em depoimento que roubou dados privados de procuradores da Lava Jato e entregou de forma anónima e gratuita para o jornalista norte-americano e fundador do The Intercept Brasil, Glenn Grennwald, segundo uma reportagem publicada pela Folha de S.Paulo.

O jornal brasileiro avançou que a polícia agora trabalha para confirmar se são verdadeiras as informações de Walter Delgatti Neto.

O ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e membros do grupo de trabalho da Lava Jato estão envolvidos num escândalo, conhecido como “Vaza Jato”, que começou em 09 de junho, quando o The Intercept Brasil e outros ‘media’ parceiros começaram a divulgar reportagens que colocam em causa a imparcialidade da maior Operação contra a corrupção no país.

Baseadas em informações obtidas de uma fonte que não foi identificada, estas reportagens apontam que Moro terá orientado os procuradores da Lava Jato, indicado linhas de investigação e adiantado decisões enquanto era juiz responsável por analisar os processos do caso em primeira instância.

Se confirmadas, as denúncias indicam uma atuação ilegal do antigo magistrado e dos procuradores brasileiros porque, segundo a legislação do país, os juízes devem manter a isenção e, portanto, estão proibidos de auxiliar as partes envolvidas nos processos.

Moro e os procuradores da Lava Jato, por seu turno, negam terem cometido irregularidades e fazem críticas às reportagens do The Intercept e seus parceiros (Folha de S. Paulo, revista Veja, El País e o jornalista Reinaldo Azevedo), afirmando que são sensacionalistas e usam conversas que podem ter sido adulteradas e foram obtidas através de crime cibernético.

Na terça-feira, a polícia brasileira realizou a Operação Spoofing e prendeu Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscilla de Oliveira e Danilo Cristiano Marques, após encontrar indícios de que teriam praticado pirataria cibernética contra autoridades do país.

Segundo os investigadores, além de Moro e dos procuradores da Lava Jato, o grupo pirateou telemóveis do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, numa ação que terá intercetado comunicações de mais de mil pessoas.