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Cruz Vermelha Internacional duplica verba para apoiar a Venezuela

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A Cruz Vermelha duplicou a verba destinada à Venezuela, de nove milhões de dólares (7,9 milhões de euros) para 19 milhões de dólares (16,7 milhões de euros), devido à situação “muito tensa” vivida naquele país, foi hoje divulgado.

O observador permanente do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICR) junto das Nações Unidas, Robert Mardini, salientou hoje, numa reunião em Nova Iorque, que o novo valor é “realista em termos de aplicação” e que terá como principal destino a melhoria das condições sanitárias no território venezuelano.

O representante da Cruz Vermelha Internacional informou ainda que a verba canalizada para a vizinha Colômbia será igualmente reforçada com 6,4 milhões de dólares (5,6 milhões de euros) adicionais.

Este reforço deve-se à situação vivida na cidade colombiana fronteiriça de Cúcuta, que tem sido ponto de chegada de milhares de venezuelanos.

A Cruz Vermelha está presente nos dois lados da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela e mantém contacto com as diferentes fações que disputam atualmente o poder político venezuelano.

“A nossa preocupação é responder às necessidades das pessoas. É um desafio monumental. A única maneira é manter o diálogo com todas as partes”, referiu Mardini.

O responsável insistiu na necessidade de “separar” a ajuda humanitária do debate político: “Em todos os conflitos, as partes tentaram politizar a ajuda humanitária e o trabalho das organizações humanitárias”.

Camiões com ajuda humanitária continuam impedidos de entrar no país e a assistência internacional tem sido um dos temas centrais do braço-de-ferro entre o autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, e o Presidente venezuelano contestado, Nicolás Maduro.

Sobre se a situação humanitária no país pode piorar, Robert Mardini sublinhou a situação “muito urgente” em que vivem neste momento muitos venezuelanos.

O representante realçou que muitos venezuelanos são incapazes atualmente de ter acesso às necessidades mais básicas, um “facto difícil”.

“Neste momento, não há conflito e esperAmos que não haja, e que a tensão possa ser diminuída”, concluiu.

Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.

Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.

Na quinta-feira passada, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) apresentaram uma projeção que admite que, até ao final deste ano, 5,3 milhões de migrantes e de refugiados da Venezuela estarão a viver em outros países, nomeadamente na América Latina e Caraíbas.

Segundo responsáveis locais e das organizações, o impacto destes números não pode ser subestimado.

“A região nunca poderia estar preparada para um fenómeno dessa magnitude”, declarou Eduardo Stein, ex-vice-presidente da Guatemala e especial representante para os refugiados venezuelanos na região, numa conferência de imprensa em Buenos Aires (Argentina).

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do líder do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.