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Bruxelas volta a rever em baixa ritmo de crescimento na zona euro

FOTO Shuterstock
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A Comissão Europeia voltou hoje a rever em baixa a previsão de crescimento da economia da zona euro, para 1,1% do PIB este ano e 1,2% em 2020, uma desaceleração pronunciada que Bruxelas atribui ao ambiente externo desfavorável.

Na comparação com as anteriores projecções macroeconómicas de verão, publicadas em julho, as previsões de outono hoje publicadas pelo executivo comunitário retiram uma décima às expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto no corrente ano (há quatro meses previa uma expansão de 1,2%) e duas décimas à previsão de crescimento em 2020 (antecipava antes 1,4%). A Comissão espera que o ritmo de crescimento se mantenha nos 1,2% também em 2021.

Há precisamente um ano, nas previsões de outono de 2018, Bruxelas estimava que a economia do espaço da moeda única crescesse 1,9% este ano e 1,7% no próximo.

Apesar de este ser o sétimo ano consecutivo de crescimento económico na área do euro, ao longo dos últimos exercícios sazonais de previsões, Bruxelas tem procedido a sucessivas revisões em baixa do ritmo da expansão, que tem abrandado de forma vincada, face aos valores de crescimento registados nos últimos quatro anos (2,1% em 2015, 1,9% em 2016, 2,4% em 2017 e 1,9% no ano passado).

Também para o conjunto da União Europeia, o executivo comunitário reviu em baixa as suas mais recentes projecções macroeconómicas, estimando que a economia do conjunto dos 28 Estados-membros progrida 1,4% este ano e nos dois próximos, quando no verão esperava que acelerasse para os 1,6% já em 2020.

Assumindo que “o caminho anuncia-se difícil”, já que “o ambiente externo tornou-se menos favorável e as incertezas são de vulto”, o executivo comunitário admite que há riscos de o crescimento da economia europeia no curto e médio prazo ser ainda mais fraco do que agora prevê.

“Uma nova escalada das incertezas ou um agravamento das tensões comerciais e geopolíticas pesarão sobre o crescimento, assim como um abrandamento mais brutal do que o previsto na China, que poderá ocorrer se as medidas adoptadas até agora não tiverem os efeitos esperados”, adverte Bruxelas, que reconhece outros riscos.

“Mais perto daqui, os riscos incluem a eventualidade de um ‘Brexit’ desordenado e a possibilidade de a fraqueza do sector industrial ter mais repercussões do que o previsto nos sectores voltados para o mercado interno”, admite a Comissão Europeia.

No sentido inverso, e numa nota mais optimista, “um desanuviamento das tensões comerciais, um crescimento mais acentuado na China e uma dissipação das tensões geopolíticas teriam um efeito favorável sobre o crescimento”, aponta Bruxelas, observando que, “na zona euro, o crescimento seria igualmente mais sustentado se os Estados-membros que dispõem de uma margem de manobra orçamental optassem por políticas orçamentais mais expansionistas do que o previsto”.

No entanto, admite o executivo comunitário, os riscos de uma (nova) revisão em baixa são “claramente superiores”.

Como notas positivas, Bruxelas observa que, “por toda a UE, a criação de postos de trabalho deu mostras de uma resiliência extraordinária”, situação que, admite, se deve em parte ao facto de as evoluções económicas por norma levarem tempo a ter repercussões no emprego”, mas também devido a um “redirecionamento de empregos para os sectores dos serviços”.

“Apesar de um provável abrandamento na criação de emprego, a taxa de desemprego na zona euro deverá continuar a baixar e passar de 7,6% este ano para 7,4% em 2020 e para 7,3% em 2021”, enquanto no conjunto da União deverá recuar para os 6,3% em 2019, antes de se fixar nos 6,2% em 2020 e 2021.

Por outro lado, Bruxelas estima que as finanças públicas na Europa continuem a “beneficiar de taxas de juro muito baixas sobre a dívida remanescente”, pelo que, apesar de um crescimento mais fraco do Produto Interno Bruto, o rácio total de dívida pública/PIB na zona euro deverá voltar a recuar pelo quinto ano consecutivo, baixando para os 86,4% este ano, para os 85,1% no próximo e para os 84,1% em 2021.

Já os saldos das contas públicas deverão registar uma “ligeira deterioração”, antecipando a Comissão Europeia que o défice agregado da zona euro passe de “um nível historicamente baixo de 0,5% do PIB em 2018 para 0,8% este ano, para 0,9% em 2020 e para 1,0% em 2021, num cenário de políticas inalteradas.

Por fim, Bruxelas projecta que a taxa de inflação permaneça fraca, esperando que o índice harmonizado de preços no consumidor na zona euro se estabeleça nos 1,2% tanto este ano com no próximo e suba ligeiramente para os 1,3% em 2021.