Padre Martins Júnior prefere o recato
Novo Bispo do Funchal revogou a suspensão que vigorava desde 1977
O novo bispo do Funchal revogou ontem a suspensão ‘a divinis’ do padre Martins Júnior, decretada em Julho de 1977, pelo então prelado Francisco Santana, anunciou a diocese. Notícia que o DIÁRIO acompanhou desde a primeira hora, sendo que o contacto com o sacerdote ainda não foi possível.
Ontem o DIÁRIO acompanhou a festa que os fiéis fizeram no adro da igreja da Ribeira Seca, em Machico, onde o sacerdote foi recebido com aplausos, abraços e beijos, mas sem prestar declarações aos jornalistas. Restaram as fotos e as palavras dos presentes.
“Tendo em consideração que, passados estes anos as razões primeiras que levaram à aplicação e manutenção dessa pena deixaram de existir, o bispo do Funchal, depois de ouvido o reverendo padre Martins Júnior e os Conselhos Episcopal e dos consultores, decidiu revogar a referida pena de suspensão”, lê numa nota divulgada no ‘site’ da diocese do Funchal.
Na nota é ainda referido que Martins Júnior foi “nomeado na mesma ocasião administrador paroquial da Ribeira Seca”, no concelho de Machico, e que o novo bispo do Funchal, Nuno Brás, vai visitar aquela paróquia em 14 de julho.
A revogação da suspensão ‘a divinis’ do padre Martins Júnior produz efeitos a partir deste domingo.
Tal como a agência Lusa noticiou ontem, tentou-se contactar o sacerdote, suspenso há mais de quatro décadas, mas até ao momento este mantém o silêncio e o telemóvel desligado.
Martins Júnior foi também presidente da Câmara Municipal de Machico pela UDP (1989) e pelo PS (1993) e deputado na Assembleia da Madeira.
O bispo Francisco Santana retirou-lhe, em 1974, a paróquia da Ribeira Seca por ter recusado entregar a chave da igreja. Tal situação levou à suspensão ‘a divinis’, em 1977.
Contudo, desafiando a diocese, o sacerdote continuou a celebrar missa porque “o povo assim quis”, conforme disse à agência Lusa em 2016.
Em 2010, a diocese do Funchal também proibiu a visita da imagem peregrina de Fátima à igreja da Ribeira Seca pelo facto de a mesma estar “indevidamente ocupada”, por um padre suspenso ‘a divinis’.
Quando tomou conta da diocese do Funchal este ano, o novo bispo declarou que ia dar atenção aos “casos particulares e pessoais” existentes na igreja madeirense,
“Hão de ser tratados particularmente e pessoalmente”, disse, então, o prelado madeirense.