Madeira

Ordem dos Médicos preocupada com impacto de demissões na Madeira

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A Ordem dos Médicos (OM), em Lisboa, tomou conhecimento, através da comunicação social, da demissão de 33 directores de serviço e coordenadores de unidades do Serviço Regional de Saúde da Madeira (SESARAM), na sequência da nomeação do novo director clínico, Mário Pereira.

Uma situação encarada com “muita preocupação”, deixando uma primeira palavra de solidariedade aos colegas da Madeira.

Segundo um comunicado emitido pelo gabinete do bastonário Miguel Guimarães, a OM afirma que tem respeitado as nomeações de directores clínicos, seja no continente ou na Madeira, mas insiste que esta situação vem, uma vez mais, demonstrar que as nomeações para estes cargos “não deviam partir do poder político, mas sim decorrer de uma escolha interpares”.

“A prudência e as boas práticas de gestão recomendam fortemente que a escolha de um director clínico seja feita tendo em conta um conjunto de critérios que passam pela formação e capacidade de liderança, pela qualidade, conhecimento e diferenciação técnica, mas, também, pela idoneidade e competência em gerir o capital humano, que constitui a alma, o coração e o músculo das unidades de saúde e, nomeadamente, dos hospitais”, salienta o comunicado, referindo também que um director clínico que não seja reconhecido interpares e não consiga estabelecer empatia com as equipas de saúde e, nomeadamente, com os médicos, “está condenado ao insucesso a muito curto prazo”.

A Ordem “lamenta e considera inaceitável a existência de partidarização da saúde” e recorda que o director clínico tem uma enorme responsabilidade perante o SESARAM, mas também perante a Ordem dos Médicos. “De facto, o director clínico é o principal responsável pela qualidade da medicina e pelo cumprimento das regras éticas e deontológicas, para além das enormes responsabilidades que partilha com o Conselho de Administração do hospital”, explica a Ordem, salientando que estas demissões – que correspondem a 66% do quadro dirigente –, a serem concretizadas, podem “conduzir a uma degradação do sistema de saúde da Madeira com consequências graves para a região e para os doentes”.

Uma das principais funções da Ordem dos Médicos é garantir a qualidade da medicina, o que implica “sermos especialmente exigentes com a formação médica”, entendendo que a perda de massa crítica essencial em termos de liderança coloca o hospital Dr. Nélio Mendonça numa “situação muito delicada, e sem as condições adequadas para continuar a assegurar a formação dos médicos internos”.

A Ordem pretende agora fazer uma “reunião urgente” com os médicos do hospital, para avaliar o impacto que esta decisão poderá ter nos cuidados de saúde prestados aos doentes e na formação médica especializada, esperando que prevaleça o bom senso e que sejam ouvidos aqueles que todos os dias fazem o Serviço Regional de Saúde da Madeira.