Madeira

JPP propõe voto de louvor à artista plástica madeirense Lourdes Castro

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O Juntos pelo Povo (JPP) deu entrada na Assembleia Legislativa da Madeira, de um voto de louvor à artista plástica portuguesa, Lourdes Castro, nascida na Ilha da Madeira a 9 de Dezembro de 1930, por se ter destacado no panorama da arte portuguesa, sendo hoje uma das mais respeitadas e interessantes pintoras portuguesas vivas e uma artista de caracter internacional.

Conheça o texto integral que compõe o voto de louvor entregue pelo JPP na ALM da autoria do Secretário-Geral Élvio Sousa:

“Sombras, contornos, objectos do quotidiano, fazem parte da magia da obra da artista plástica Lourdes Castro, madeirense de nascença, cidadã do mundo por mérito próprio, Artista porque desenvolveu uma linguagem sua, incontornável, inconformável. Nunca a ausência teve tantos significados. Nas sombras e contornos das suas emblemáticas obras há toda uma estética da ausência que tudo preenche e nos transporta para a nossa mais intima essência.

A artista plástica portuguesa, nasceu a 9 de dezembro de 1930, no Funchal, ilha da Madeira. Frequentou o curso de Pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa (1950-1956). A paisagem natural da ilha que a rodeou desde pequena é uma paixão que acompanhará a sua vida e por consequência também o seu trabalho, de que é exemplo o seu aclamado trabalho do Grande Herbário das Sombras, que se debruça sobre o rico património botânico da ilha.

Radicada em Paris desde 1958, regressou à ilha da Madeira em 1983, onde reside, primeiramente da Quinta do Monte, Funchal e, a partir de 1988, no Caniço. Entre 1958 e 1962, juntamente com René Bertholo, foi fundadora do grupo KWY, a que se associaram Christo, Jan Voss, João Vieira, José Escada, Gonçalo Duarte e Costa Pinheiro. As três letras, que não existiam no alfabeto português, expressavam com ironia a necessidade da exploração artística que num Portugal culturalmente amorfo não se desenvolvia.

No princípio da década de 1960 colecciona objectos quotidianos em assemblages, cobertos de cor prata, para, em seguida, passar a registar apenas a sua sombra. A partir de 1963 Lourdes de Castro começa a introduzir a cor no seu trabalho: uma cor uniforme - o vermelho, o azul ou o verde, por exemplo. Estas pesquisas sobre sombras e contornos entendem-se progressivamente da serigrafia à tela, aos plexiglas, aos lençóis de linho, evoluindo as iniciais formas recortadas e pintadas para “sombras deitadas” que culminam nas “sombras em movimento” ou teatro de sombras (1973). Conhece Manuel Zimbro, em 1972. Essa parceria na vida e na arte, que duraria mais de três décadas, é evocada e celebrada na exposição de carácter antológico: Lourdes de Castro e Manuel Zimbro: a Luz da Sombra, realizada no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, em 2010. No início dos anos 90 produz também em tapeçaria e azulejo. Participou em numerosas exposições internacionais de pintura, de livros de artista e de Mail Art.

A Fundação Calouste Gulbenkian dedicara-lhe, em 1992, uma retrospetiva – Além da Sombra. É também de destacar a instalação que a artista realizou com Francisco Tropa, no âmbito da representação portuguesa na Bienal de São Paulo de 1998. Em 2004 Lourdes Castro foi reconhecida com o Prémio CELPA / Vieira da Silva – Artes Plásticas Consagração. Com Francisco Castro Rodrigues foi distinguida na edição de 2010 dos prémios da Secção Portuguesa (SP) da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA). Está representada nos principais museus nacionais e da Europa.

Na Madeira expôs na Galeria Porta 33 e está representada, por exemplo, no Mudas, Museu de Arte Contemporânea da Madeira, na Casa Museu Frederico de Freitas ou no Hotel Casino da Madeira, entre outros locais. Actualmente é considerada uma das mais respeitadas e interessantes pintoras portuguesas vivas e uma artista de carácter internacional.

Pelo exposto e considerando a importante obra que realizou e o seu carácter universal, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira aprova este voto de Louvor à artista madeirense Lourdes Castro relevando o caracter perene da sua obra que tanto nos orgulha e que, à sua maneira, representa um pouco de todos nós”.