Madeira

Crédito à habitação: devemos mais, pagamos mais e temos os juros mais altos

Proprietários de casas na Madeira pagaram à banca 271 euros de prestação, 50 euros dos quais em juros, mais 24 euros do que a média nacional

Foto Shutterstock
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Os madeirenses que estejam a pagar crédito à habitação deviam, em média, 58.013 euros, tendo pago no último mês de Junho de 2019 um total de 271 euros da prestação média da casa. Deste montante, 50 euros foram em juros e 221 de capital amortizado.

Reportamo-nos a Janeiro de 2009, mês e ano em que há registos divulgados mais distantes no tempo, ou seja há 10 anos, e tínhamos os devedores em Portugal com taxas de juro de 5,798%, enquanto na Madeira era de 5,307%, o que fazia com que na média nacional se pagasse uma prestação de 361 euros (103 euros dos quais de capital amortizado e 258 euros em juros), mas na Região Autónoma os devedores desembolsassem 437 euros (138 euros dos quais para abater ao capital e 299 euros para pagar juros da banca), diferença que se explicava pelos montantes em dívida: 54.698 euros na média nacional, 69.147 euros na regional.

Em Junho de 2019, década e meia depois e com juros no país em 1,081%, a prestação média é 114 euros mais baixa, invertendo-se também o peso do capital amortizado (199 euros) face aos juros (48 euros), ainda que a diminuição da dívida média tenha sido irrisória, ou seja 1.783 euros, o que dá uma média de menos 170 euros por ano. Já na Madeira assistiu-se a uma quebra significativa no capital em dívida, para os tais 58.013 euros, ou seja uma redução de 11.134 euros em média por cada devedor, tendo em Junho registado uma média anual de menos 1.060 euros da dívida à banca.

Ou seja, tem havido uma tendência de redução do diferencial, sobretudo no que toca ao capital. Ainda assim, cada pessoa que tenha crédito à habitação deve, em média, na Madeira, mais 5.098 euros, quando há 10 anos a diferença face à média nacional era de mais 14.449 euros. Significa uma redução de 64,7%.

Segundo a Direcção Regional de Estatística, que hoje também divulgou os dados deste segmento, “a taxa de juro no crédito à habitação e prestação média diminuíram na RAM, contrariando tendência nacional”, o que não deixa de ser uma boa notícia. Ainda que os números actuais da taxa de juro estejam já ao nível de Julho de 2016, ou seja de há três anos, numa altura em que as referidas verbas que garantiam os ganhos da banca mantinham uma trajectória descendente.

Fruto da crise iniciada em meados de 2008, como referido em Janeiro de 2009 a taxa de juro implícita ao crédito à habitação ascendera já aos 5,307%, tendo nos anos seguintes iniciado um período de quebra gradual, intermediada por aumentos, mas nunca aos níveis registados no pico da crise financeira. Com a recuperação económica, também voltaram os juros mais baixos, tendo atingido o valor mais baixo em Setembro de 2017 (0,966%).

E acrescenta: “É de notar que esta evolução representa uma interrupção nos aumentos sucessivos que a referida taxa vinha sofrendo desde Dezembro de 2018. De referir que em Junho de 2018, a taxa era de 0,974%”, relembra. No país, contrariamente à RAM, esta variável permanece numa trajectória crescente desde Dezembro de 2018, sendo que o valor do capital médio em dívida mantém “a tendência de subida que se verifica desde Março deste ano.” O expectável, dada a recente evolução, é que as taxas de juro para o crédito à habitação na RAM acompanhem a tendência nacional, ainda que com alguns ‘desvios’.