Madeira

Célia Pessegueiro “coerente” no combate à aquicultura

A presidente de Câmara da Ponta do Sol reagiu às declarações do Secretário do Mar e das Pescas reiterando a sua posição contra a piscicultura

Foto Aspress
Foto Aspress

“Continuamos coerentemente a afirmar que seria um erro histórico avançar com uma instalação que prejudicaria a estratégia de desenvolvimento do concelho”, afirmou Célia Pessegueiro, em jeito de resposta às declarações proferidas ontem, dia 1 de Fevereiro, pelo secretário do Mar e das Pescas sobre a aquicultura.

“O secretário do Mar encontra uma ata em que digo que não concordo com a aquacultura por não ser compatível com a exploração turística da costa e com outras actividades náuticas. Encontrou e divulgou. Obrigada Sr. secretário pela oportunidade de mostrar a minha coerência em relação à questão da aquacultura, pois sublinha que nunca fui favorável”, sustentou a presidente de Câmara da Ponta do Sol.

Numa mais nota acusatória acrescentou que “é claro para todos que quem tem duas caras é o Governo: uma antes das eleições, em que dizia que não haveria piscicultura «contra a vontade das populações, e outra depois das eleições ao afirmar que a ‘piscicultura vai avançar na Ponta do Sol’”.

No mesmo comunicado dirigido à redacção, Célia Pesseugueiro passou a enumerar algumas das razões para justificar porque é que “a aquacultura não pode avançar na Ponta do Sol”.

“Implementar aquacultura nos nossos mares retira beleza natural e atractividade à nossa competitividade turística”, é o primeiro motivo apontado pela autarca, sublinhando que “a Ponta do Sol é indissociável do mar, tem bons acessos ao mar, muitas praias, que vão do Lugar de Baixo, passando pela Vila, Anjos até a Madalena do Mar em toda a sua costa”, que “permitiram que se instalassem unidades hoteleiras na Vila da Ponta do Sol e muito Alojamento Local nas diversas freguesias do concelho”, pese embora algumas “questões por resolver”, “como é caso da Marina do Lugar de Baixo, extracção abusiva de inertes nas Ribeiras, extracção de inertes no mar da Madalena do Mar e Lugar de Baixo”.

Ainda sobre o turismo, Célia Pessegeiro considera que a aquicultura teria impacto no Alojamento Local, lembrando que este “cresceu 79% em 2 anos”.

Por outro lado, refere que “os proprietários de terrenos no nosso concelho acabam perdendo dinheiro com a aquacultura, pela desvalorização dos terrenos e das casas” e dá como exemplo a freguesia vizinha do Arco da Calheta, “onde também se têm manifestado contra as Jaulas, porque sabem que mais Jaulas leva à desvalorização dos terrenos e das casas”.

Por última, defende que a aquicultura prejudica a pesca e as actividades náuticas. “Temos pessoas que se dedicam à pesca no nosso Concelho, temos pescadores lúdicos, temos pessoas que se dedicam à apanha de lapas, temos acividades náutico-turísticas que frequentam os mares e a costa da Ponta do Sol. Queremos continuar a ter águas límpidas que mantenham a nossa atractividade e que não impeça estas actividades tão importantes para as famílias do concelho”, reiterou.

“A aposta no turismo, na cultura e património, na pesca, as actividades náuticas e no desenvolvimento sustentável dos recursos são parte da estratégia definida para o futuro da Ponta do Sol, e a aquacultura colide com essa estratégia e prejudica os interesses do concelho e dos pontassolenses”, concluiu Célia Pessegueiro.