Madeira

Adesão maior à greve de dois dias esperada amanhã

Pessoal não docente das escolas reivindicam mais funcionários e descongelamento das carreiras “mais justo”

Foto Arquivo
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Começou hoje uma greve de dois dias dos trabalhadores não docentes das escolas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública (STFP) acredita que será sobretudo amanhã que a greve se vai fazer sentir mais. A paralisação e dois dias é a nível nacional, é sectorial e estende-se também à Madeira pela contratação de mais profissionais e por um sistema de descongelamento das carreiras “mais justo”, disse Ricardo Gouveia esta manhã, à TSF Madeira.

“Os principais motivos, uma vez que é uma greve sectorial do pessoal não docente, tem a ver com situação dramática que se vive nos estabelecimentos de ensino com uma manifesta falta de recursos humanos no que diz respeito ao pessoal não docente, sobrecarga de trabalho”, denuncia o presidente do STFP. O que pretendem é essencialmente que o governo suprima esta carência a nível também da Região, onde estão a exercer, segundo as últimas estatísticas referidas pelo sindicalista 3.000 funcionários.

Para Ricardo Gouveia a situação actual é resultado da política de austeridade do passado que congelou as admissões e levou a esta situação de carência numa área que considera “especialmente sensível”, tendo em conta que se trata de jovens, crianças das escolas e que “necessitam de uma atenção, de uma vigilância permanente para a sua boa formação”.

Ricardo Gouveia como referido acredita que a maior adesão será amanhã, por ser sexta-feira. Sema cançar números, não deixa de apontar objectivos: “Nós acreditamos que existe um sentimento de indignação do pessoal não docente, pela desvalorização das suas carreiras, designadamente no que diz respeito às remunerações, e npos acreditamos que no conjunto dos dois dias vamos ter uma greve que vai passar a mensagem pretendida”. “No balanço final dos dois dias esperemos que a greve seja expressiva”, disse ainda.

Os funcionários das escolas vão estar hoje e amanhã em greve, num protesto convocado pela CGTP, que pode fechar estabelecimentos em todo o país para exigir aumentos salariais, integração nos quadros e a criação de uma carreira específica.

A paralisação foi convocada a nível nacional pela Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FSTFPS), afecta à CGTP, uma vez que os funcionários não docentes das escolas entendem que os recentes reforços de pessoal anunciados pelo Governo “não resolvem o problema das escolas”.

Artur Sequeira, coordenador da FSTFPS, em conferência de imprensa em Fevereiro, quando foi anunciada a greve, responsabilizou o Ministério da Educação por “todos os entraves que possam ser criados às famílias e às crianças”, alegando que passada quase uma legislatura, a tutela “continua sem dar resposta” a problemas que afectam o funcionamento das escolas e que “põem em causa os direitos elementares dos trabalhadores”.

No todo do país, os sindicatos exigem a abertura de concurso para, “no mínimo”, 3.067 trabalhadores, garantindo a entrada de 1.067 novos e de 2.500 que já estão em funções.

Dizem ainda que a portaria que define os rácios de funcionários por escola está a ser cumprida com recurso a “tempos parciais”.

Artur Sequeira afirmou que existe “uma negação completa” do Governo em rever as carreiras dos trabalhadores das escolas, que pretendem retomar a carreira específica que já tiveram durante a governação de António Guterres: “Foi destruída pelo senhor engenheiro Sócrates quando era primeiro-ministro”.

Os salários estão também na mira dos sindicatos, que criticam a solução proposta pelo Governo.

“Este aumento salarial que foi feito para a função pública é um aumento populista, que tem uma capacidade fantástica de tentativa de divisão dos trabalhadores”, lamentou.

A 21 de Fevereiro o Ministério da Educação adiantou que iria contratar mais mil funcionários para as escolas, com contratos por tempo indeterminado, de efectividade na função pública, e criar uma bolsa que permita aos directores substituir os trabalhadores em baixa médica.

Já no início de Março a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) divulgou os resultados de um inquérito realizado nas escolas sobre assistentes operacionais e assistentes técnicos, os quais revelaram que um em cada dez funcionários escolares está de baixa médica.