Com Deus e com o diabo!

Há pessoas que se mostram indignadas ao se aperceberem do aparecimento de novos oportunismos e oportunistas com o aproximar das eleições.

Ao verem gente que começa a alinhar-se nas fileiras dos que estão e dos que possam vir a estar no governo, de modo a que, os seus “tachos”, possam continuar a estar assegurados, independentemente, de quem venha a governar.

Todavia, porém, achamos uma tolice se aborrecer com isso, pois trata-se de uma prática corrente após o 25 de Abril – Deus lhe dê o céu! – até aos nossos dias.

Naquele tempo, houve quem se deitasse “fascista” e acordasse democrata, socialista, comunista e afins e, depois, com o andar da carruagem, algumas famílias numerosas distribuiram os filhos, um por cada partido diferente, a fim de poderem estar em qualquer momento com Deus e com o Diabo!

Neste momento, o sistema mantém-se, mas – ao que parece – com um dado diferente.

As empresas que, ao longo desta democracia (salvo seja) têm crescido com os seus disfarçados monopólios, na dúvida de que os seus privilégios possam continuar, de que os seus interesses possam passar para outras mãos, Já fazem avançar os seus “testas de ferro” para as fileiras da oposição, pois não vá o diabo tecê-las e acontecer uma reviravolta no PODER, coisa, aliás, que se nos afigura, (pelo menos neste momento) como uma ínfima das mais ínfimas probabilidades de acontecer.

No entanto, pensando no velho provérbio, “ o seguro morreu de velho” acharam por bem enviar para o outro lado da barricada os que, (pelo seu caracter e dignidade já conhecidos) se prestam a tudo.

Só que, o sucesso dessas figurazinhas, petulantes e convencidas, e respectivos mandatários, depende da vontade daqueles que têm o poder do voto nas mãos.

E, neste particular, estamos profundamente apreensivos, se bem que, compreendemos, em parte, o dilema dos nossos eleitores.

De um lado têm um partido no PODER há longos anos, demasiados anos, reconheça-se, e do outro lado, uma alternativa que é, indiscutivelmente, uma mão cheia de nada, ou melhor, cheia de promessas demagógicas, pois promete fazer cá, aquilo que não consegue fazer lá, onde é governo há quatro anos.

Qual é a credibilidade de um partido de governo que enfrenta centenas de greves num ano e está em “guerra” aberta com várias classes de trabalhadores, e que, ao invés, aumenta o salário disparadamente a uma classe já de si privilegiada – e muito contestada pelo povo – cria dois salários mínimos distintos e, por sua vontade, quase diríamos, criaria um” governo familiar” para tomar conta do País.

É com um “currículo” desta natureza – fora o que falta aqui dizer – que se pode confiar ou contar como alternativa ao governo que está nesta Região?

Sempre fomos pela mudança, mas nunca pelo mudar, por mudar. E, acreditem, ficamos muito tristes se por mais uma vez constatarmos que as opções de mudança do nosso povo são iguais às que sempre teve ao longo dos anos. Muito poucas ou nenhumas!

Será que se trata de algum “Karma” que carregamos pelo mal (certamente muito mal) que fizemos em vidas passadas?

Só pode ser...