Associação de pastores das serras de Santo António e Areeiro e São Roque

O rebanho dos criadores de gado da Camacha não vai, para já, para o Parque Ecológico, não porque a Câmara Municipal do Funchal, na pessoa do seu Presidente, tenha voltado atrás na sua decisão, mas porque no dia em que os animais iriam entrar na propriedade florestal sob administração pública local, e ainda antes das ameaças e acusações da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal, foi encontrada uma solução mais próxima e mais apropriada à condição física Actual dos animais.

Perante toda esta situação a Associação dos Pastores das Serras de Santo António, São Roque e Areeiro só quer que a população perceba o objectivo principal da sua luta e não se deixe manipular por opiniões sem fundamento de quem usa constantemente os exemplos do passado para condicionar o pastoreio na Região, sem sequer pôr a hipótese de testar novos modelos, que tal como a CMF exigia para abrir as portas do Parque Ecológico do Funchal, prevêem a condução de rebanhos sempre acompanhados de pastores, em rotação, maximizando os benefícios da introdução dos animais em zonas que de outra forma são sistematicamente reflorestados sem sucesso, invadidos por matos, dizimados por incêndios, arrastados pelas águas que os solos, desprovidos de vida, não têm capacidade de reter.

É a segurança das pessoas que está em jogo, mas é também a abertura a uma solução mais eficaz, mais económica, mais rentável, que pode ao mesmo tempo gerar emprego e desenvolvimento económico.

O objectivo não é voltar a lançar gado na serra como querem fazer crer alguns. A ideia é desenvolver uma atividade produtiva, apoiada e defendida em muitas regiões, compatível com a defesa do ambiente e que simultaneamente pode reverter a situação de insegurança que vivemos actualmente.

Perguntam-nos porque não colocamos os animais junto às casas, em terrenos abandonados? Primeiro porque estes terrenos são pequenos, dispersos, propriedades privadas que implicariam de acordo com o regime da actividade pecuária ter uma exploração em cada parcela, um código, um abrigo e a todos os procedimentos que implicam a deslocação de animais entre elas. Um sistema que à partida limitaria a manutenção de rebanhos colectivos. Depois porque os terrenos de grande dimensão estão nas cotas mais altas, onde estão os problemas e são de proprietários dispostos a receber os animais ou são públicos, actualmente invadidos por vegetação infestante e com condições para permitirem o pastoreio rotacional.

A questão é vamos ao menos tentar? Ou vamos atribuir sempre as culpas de todas as catástrofes aos animais apesar de terem sido afastados há mais de

15 anos?

A estratégia actual está a resultar? Onde estão os resultados de todo este esforço financeiro?

Onde está a resiliência da nossa floresta e a regeneração que devia estar a acontecer passado tanto tempo depois da retirada dos animais? Pois é ...tudo o fogo levou...e tudo leva a crer que vai acontecer novamente e obviamente a culpa não é dos que ateiam o fogo, porque problemas desses há em todo o lado. O problema é a facilidade com que esse fogo se propaga porque infelizmente, a nossa floresta, as nossas serras não estão preparadas para resistir devido à teimosia de alguns que se dizem mover pelo interesse de todos quando afinal só pensam em si!