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Quantidade significativa de peças foram salvas do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro

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Paleontólogos e arqueólogos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que ardeu em Setembro do ano passado, anunciaram que conseguiram salvar uma “quantidade significativa” de peças dos escombros daquele museu.

“Ainda é difícil estabelecer” o número total de peças que podem ser recuperadas, mas “há uma quantidade significativa que pode ser recuperada”, disse Claudia Carvalho, arqueóloga que coordena a recuperação das peças, em conferência de imprensa, no museu.

Foi a primeira vez que a imprensa foi autorizada a entrar no interior do maior museu de história natural na América Latina, um antigo palácio imperial, cujo edifício foi destruído, em grande parte, por um incêndio em 2 de Setembro.

Nove horas por dia, durante seis dias por semana, dezenas de antropólogos, arqueólogos e paleontólogos procuram delicadamente nas montanhas de escombros, nas estruturas metálicas e nas paredes carbonizadas do edifício peças do acervo do museu.

Até agora, cerca de 2.000 peças completas ou fragmentadas foram encontradas, explicou o diretor do museu bicentenário, Alexander Kellner, que ficou agradavelmente surpreendido com os números.

“Com sucesso [das buscas] deparamo-nos com um problema agradável: precisamos de muito mais contentores porque não temos mais espaço para armazenar as peças recuperadas”, afirmou Kellner.

Segundo o diretor, o museu poderia “rapidamente” expor os objetos encontrados, mas não deu mais detalhes.

Entre as relíquias recuperadas nos últimos meses estão fragmentos de Luzia, um fóssil humano de 12 mil anos, o mais antigo do Brasil, considerado a joia do Museu Nacional.

Também foram recuperados o meteorito do Bendegó, uma massa de ferro e níquel de cinco toneladas cuja composição e tamanho lhe permitiram resistir às chamas, e fragmentos do Maxakalisaurus topai, um dinossauro herbívoro de 13 metros de comprimento cujo esqueleto foi descoberto no Estado brasileiro de Minas Gerais.

“Sabemos que as coleções foram perdidas, como a de entomologia, uma das mais ricas coleções de insetos da América Latina, com cinco milhões de exemplares “, reconheceu Claudia Carvalho.

Mas “materiais resistentes como cerâmica, metal ou pedra resistiram”, existindo “coleções das quais” se desconhece ainda a proporção do que se pode recuperar, acrescentou a arqueóloga.

Este trabalho meticuloso deverá continuar durante todo o ano, enquanto que a reconstrução do museu, localizado no Parque da Boa Vista, no norte do Rio de Janeiro, está em estudo.

A polícia federal ainda está a investigar a causa do incêndio que destruiu 20 milhões de peças do museu.

A negligência do poder público tinha sido apontada como a principal causa do incêndio, sendo que a destruição do museu foi vista como uma “tragédia anunciada” por falta de recursos destinados à manutenção de estruturas culturais no Brasil.