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Governo distingue o poeta Fernando Echevarría com a Medalha de Mérito Cultural

Uma foto de 2008.   Foto Jorge Miguel Gonçalves
Uma foto de 2008. Foto Jorge Miguel Gonçalves

O poeta Fernando Echevarría recebe, no próximo dia 26, quando completa 90 anos, a Medalha de Mérito Cultural em “reconhecimento do inestimável trabalho difundindo a Língua e a Cultura portuguesas”, anunciou hoje o Ministério da Cultura.

“Entende o Governo Português prestar pública homenagem” a Fernando Echevarría, “em reconhecimento do inestimável trabalho de uma vida dedicada à poesia e à escrita, difundindo a Língua e a Cultura portuguesas, ao longo de mais de sessenta anos”, segundo nota do Ministério da Cultura.

A cerimónia, com a presença da ministra da Cultura, Graça Fonseca, realiza-se no dia 26, às 10:30, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto.

Fernando Echevarría nascido em Cabezón de la Sal, na província espanhola de Santander, na Cantábria, veio ainda jovem para Portugal, tendo cursado Humanidades e, mais tarde, Filosofia e Teologia, em Espanha.

Voltou a Portugal em 1953, e a partir de 1961, por razões políticas, esteve exilado em Argel e Paris, onde fixou residência, a partir de 1966.

Assinala a nota ministerial que “manteve sempre uma estreita ligação a Portugal e à Língua Portuguesa”, tendo escrito “sempre em português e só ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa”.

“A sua poesia começa a afirmar-se no final dos anos 1950 com o seu primeiro livro ‘Entre Dois Anjos’, publicado em 1956, e depois com ‘Tréguas para o Amor’, de 1958, ‘Sobre as Horas’, de 1963, e ‘Ritmo Real’, de 1971, obra que se apresentou como um livro de arte, com dez gravuras originais da autoria de Flor Campino”, segundo a mesma fonte.

Echevarría colaborou com várias revistas nacionais e brasileiras, designadamente, Anto, Graal, Eros, Nova Renascença, Cavalo Azul, Colóquio/Letras, A Phala -- Um Século de Poesia (1888-1988), Hífen e Limiar.

A sua poesia está traduzida em francês, castelhano, italiano, inglês, romeno e esloveno, estando representada em diversas antologias portuguesas e estrangeiras, entre entre as quais “Antologia -- Prémio Almeida Garrett de 1954” (1957), “Alma Minha Gentil -- Antologia de Amor Portuguesa” (1957) e “Nas Mãos de Deus -- Antologia da Poesia Religiosa Portuguesa” (1978) - estas duas últimas organizadas por José Régio e Alberto Serpa.

Uma das mais recentes edições de poesia sua data de 1997, “Eros de Passagem -- Poesia Erótica Contemporânea”, com seleção e prefácio do poeta Eugénio de Andrade.

No estrangeiro, Echevarría está representado na “Antologia de la Nueva Poesia Portuguesa”, de Angel Crespo (1962), “Antologia de la Poesia Portuguesa Contemporánea”, também de Crespo, (1981), e em “Poesia Portuguesa Contemporânea”, organizada por Carlos Nejar, publicada no Brasil, em 1982.

O poeta vai juntar a Medalha de Mérito Cultural a outras distinções que tem recebido ao logo da carreira, como o Grande Prémio de Poesia APE/CTT, em 1981, pela obra “Introdução à Filosofia”, em 1991, por “Sobre os Mortos”, e em 2009, por “Lugar de Estudo”.

Recebeu igualmente o Grande Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português, em 1982, também por “Introdução à Filosofia”, e em 1999, pelo título “Geórgicas”.

Esta obra, “Geórgicas”, valeu-lhe ainda, também em 1999, os prémios de Poesia Luís Miguel Nava e Nacional de Poesia António Ramos Rosa.

Em 1988, recebeu o Grande Prémio de Poesia Inasset/INAPA, pelo título “Figuras”, em 1995, o Prémio Eça de Queiroz, por “Uso de Penumbra”, em 2002, o Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, por “Introdução à Poesia”, em 2006, o D. Diniz, por “Epifanias” e, em 2015, o prémio Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa, por “Categorias e Outras Paisagens”.

O poeta foi ainda distinguido com o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes, em 2005, e homenageado em 2010, no Tributo de Consagração da Fundação Inês de Castro, de Coimbra.

Em 2007, o então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, condecorou-o com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.