Dinarte vale mais em Santana do que o CDS
Dinarte Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Santana e vice-presidente do CDS-PP Madeira, encerrou a Convenção Autárquica do partido, em Câmara de Lobos, e faz valer o seu estatuto. Por outras palavras: neste momento o peso político de Dinarte Fernandes vale mais do que o CDS no concelho.
O autarca reconheceu que, no actual quadro político, o peso das figuras locais ultrapassa muitas vezes o das estruturas partidárias. “Não é o CDS, sou eu. Muitas pessoas dizem-me que votam mais no autarca ou no candidato que apresentamos à Câmara e nas juntas de freguesia do que propriamente no partido. O partido vem a seguir”, afirmou.
Dinarte Fernandes sublinhou que, depois de 2013 e da saída de Alberto João Jardim da liderança do Governo Regional, “ficou mais fácil para partidos mais pequenos, se tiverem bons autarcas, conseguirem elegê-los contra todas as probabilidades”. E deu o exemplo da sua própria experiência em Santana: “Tenho eleitores que votam em mim nas autárquicas e que, nas legislativas nacionais ou regionais, votam no PSD”, precisou. Ou seja, o eleitorado não é estanque. As pessoas “distinguem os momentos e escolhem se o autarca serve ou não os seus interesses”.
Questionado sobre a posição do CDS na governação regional, Dinarte admitiu a dificuldade que um partido mais pequeno sente quando integra uma coligação: “O CDS, por estar no Governo e por dar a mão ao PSD, acaba muitas vezes por sair chamuscado nas eleições seguintes. É uma dinâmica difícil de gerir, mas temos de mostrar à população o que estamos a fazer no Governo e qual a mais-valia dessa presença”.
Ainda assim, garantiu que a sua identificação com o partido se mantém: “O CDS é um partido de centro moderado, que deve ser aberto à diversidade e não fechado em causas radicais. Não podemos estar agarrados a bandeiras como as touradas ou ser contra minorias que também têm direito a ser representadas. Somos um partido democrata-cristão, que deve acolher toda a gente que se identifique com os valores que defendemos”.
Concluiu que o caminho passa por aproximar o partido das pessoas, sem esquecer que “nas autárquicas, a proximidade do autarca, a sua obra e a sua ligação directa às populações pesam sempre mais do que o nome do partido que o apoia”.