"Qualquer empresa que não seja competitiva acabará na falência"
O ministro da Economia disse hoje, no parlamento, que as empresas que não forem competitivas acabarão na falência, questionado sobre as dificuldades do setor têxtil, considerando que a solução é reforçar a competitividade das empresas.
"Se as empresas forem competitivas, elas não vão a falência, a solução é trabalhar a montante, é garantir a competitividade das empresas antes que elas vão à falência, qualquer empresa que não seja competitiva acabará na falência e nós temos que cuidar de reforçar a competitividade das empresas", afirmou o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, que esteve hoje no parlamento em audição regimental.
O governante respondia a uma questão da deputada Patrícia Gonçalves, do Livre, sobre medidas para apoiar o setor têxtil, com várias empresas a anunciar encerramentos, despedimentos e processos de renegociação de dívida nas últimas semanas.
Castro Almeida adiantou que o Governo está a impulsionar a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI) para encontrar estratégias de reforço de competitividade para os diferentes setores da indústria nacional.
"Eu quero tratar a indústria portuguesa, incluindo a têxtil, que tem tantos problemas e tantas potencialidades como muitos outros, não queria centrar-me nas dificuldades do setor têxtil", salientou o ministro, acrescentando ter "as maiores dúvidas" que o têxtil ganhe com o excesso de "referências tormentosas ao setor" e que seja tratado "isoladamente".
Já o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, salientou a necessidade de atuar a nível europeu relativamente a produtos asiáticos, sobretudo das duas grandes plataformas Temu e Shein, "que de facto transformaram muito a entrada de produtos" têxtil.
Do ponto de vista dos apoios ao setor, o secretário de Estado realçou o financiamento através de garantias do Banco de Fomento, os 490 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em investimentos apoiados e 215 milhões de incentivos do Portugal 2030, bem como apoios na qualificação de trabalhadores e à internacionalização.
A audição foi ainda marcada por um debate mais acesso entre o ministro da Economia e o deputado do Partido Socialista Carlos Pereira, após o socialista ter perguntado se Castro Almeida sabia qual foi o crescimento económico de 2023, o último ano do governo do PS.
O governante usou o seu tempo de resposta para trazer à discussão o tema da nomeação de Madalena Oliveira e Silva para presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em substituição de Ricardo Arroja, rejeitando a acusação de escolha por "amiguismo" que o deputado social fez em declarações à comunicação social.
Carlos Pereira considerou que se tratou de "mais um truque para não responder às questões e para gastar todo o tempo" de resposta, insistindo na sua questão, acabando o ministro por responder que o crescimento económico em 2023 foi de 2,3%.
"Lamento mas foi 3,1% e foi revisto pelo INE ontem [terça-feira], o ministro da economia devia ter atenção a uma revisão do INE apresentada ontem", salientou o deputado socialista, criticando o Governo por políticas que têm um efeito contrário ao do crescimento económico que tem "propalado na praça pública".
No final da audição, Castro Almeida lamentou que não se tivesse falado mais de economia, enquanto o PS se queixou de o ministro não ter falado de economia na sua intervenção inicial, que foi em grande parte sobre fundos europeus.
Já o Chega queixou-se de terem ficado algumas questões por responder, entre elas uma sobre a decisão de afastar Ricardo Arroja da presidência da AICEP.