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Militares dos EUA abordam pesqueiro em águas venezuelanas

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Foto Shuuterstock

Militares de um navio de guerra dos EUA abordaram um barco de pesca venezuelano com nove pescadores enquanto navegava em águas venezuelanas, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, sublinhando as relações tensas com os Estados Unidos.

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

As tensões entre as duas nações aumentaram depois de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter ordenado em agosto o envio de navios de guerra para as Caraíbas, ao largo da costa do país sul-americano, citando a luta contra os cartéis de drogas da América Latina.

Enquanto lia uma declaração no sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros Yván Gil disse aos jornalistas que o barco pesqueiro venezuelano foi "ilegal e hostilmente abordado por um destróier da Marinha dos Estados Unidos" e 18 militares armados que permaneceram na embarcação durante oito horas, impedindo a comunicação e as atividades normais dos pescadores. Posteriormente, foram então libertados sob escolta da marinha venezuelana.

O barco de pesca tinha autorização do Ministério da Pesca da Venezuela para realizar o seu trabalho, disse Gil numa conferência de imprensa, durante a qual apresentou fotos do incidente.

Juntamente com a declaração, o ministério dos Negócios Estrangeiros da Venezuela distribuiu um vídeo curto, feito, segundo o ministério, pelos pescadores venezuelanos.

No vídeo, alega-se que parte do barco de pesca, pessoal da Marinha dos EUA e o navio de guerra dos EUA podem ser vistos.

"Aqueles que dão a ordem para realizar tais provocações estão à procura de um incidente que justificaria uma escalada militar nas Caraíbas," disse Gil, acrescentando que o objetivo é "persistir na política fracassada" de mudança de regime na Venezuela.

Gil disse que o incidente foi "ilegal" e "ilegítimo" e alertou que a Venezuela defenderá a sua soberania contra qualquer "provocação."

A queixa do ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela ocorre dias depois de Trump ter dito que seu país atacou um navio carregado de drogas e matou 11 pessoas a bordo.

Trump disse que o navio havia partido da Venezuela e estava a transportar membros do gangue Tren de Aragua, mas a Casa Branca não apresentou nenhuma evidência para apoiar esta alegação.

A Venezuela acusou os Estados Unidos de cometerem execuções extrajudiciais.

O ministro do Interior do país sul-americano, Diosdado Cabello, disse que a versão de Washington é "uma tremenda mentira" e sugeriu que, de acordo com investigações do Governo venezuelano, o incidente poderia estar ligado ao desaparecimento de algumas pessoas numa região costeira do país que não tinham vínculos com o tráfico de drogas.

A administração Trump acusou o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar um cartel para inundar os EUA com drogas, e duplicou a recompensa pela sua captura de 25 milhões de dólares para 50 milhões.

O Governo dos EUA não deu nenhuma indicação de que planeia realizar uma incursão terrestre com os mais de 4.000 soldados enviados para a zona.

Mas o Governo venezuelano, mesmo assim, convocou os seus cidadãos para se alistarem nas milícias - voluntários armados - para apoiarem as forças de segurança em caso de uma possível incursão. No sábado, pediu-lhes que irem aos quartéis militares para sessões de treinos.