Funchal é a segunda cidade que mais esforço exige para arrendar e comprar casa
A capital madeirense já foi líder no aluguer e teve a maior quebra na taxa de esforço para comprar casa
A capital do arquipélago da Madeira figura, sem surpresa, entre as cidades portuguesas onde é mais caro alugar e comprar casa. Dado o histórico mais recente de evolução de ambos os mercados, o mais recente estudo do sector, nomeadamente do esforço das famílias para alugar e comprar casa, realizado pelo portal imobiliário idealista, revela que o Funchal está em segundo nas capitais de distrito/regiões autónomas para arrendar uma habitação, indicador que já liderou a par de Lisboa, e ocupa o segundo lugar, a partilhar com Faro, no que toca ao peso para as famílias poderem adquirir uma casa.
De acordo com o portal, "o esforço financeiro exigido para arrendar uma casa em Portugal aumentou para 83% no segundo trimestre, um ponto percentual (p.p.) acima dos 82% registados na mesma altura de 2024. Já na compra de habitação, a taxa de esforço nacional manteve-se estável nos 71% durante esse intervalo". Em ambos, a capital madeirense está muito acima da média nacional.
A conclusão é do idealista, que "analisou a evolução das taxas de esforço entre os segundos trimestres de 2024 e 2025, tanto no mercado de compra como no de arrendamento. Assim, "das 20 cidades analisadas, foi em Faro onde a taxa de esforço para arrendar uma casa mais aumentou no último ano, passando de 70% no segundo trimestre de 2024 para 90% no mesmo período de 2025, aumentando 20 p.p. Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar casa no último ano está ainda Ponta Delgada (15 p.p.), Guarda (4 p.p.), Funchal (3 p.p.), Braga (2 p.p.), Aveiro (2 p.p.), Leiria (1 p.p.) e Viseu (1 p.p.). Em Bragança e Castelo Branco a taxa de esforço não variou durante este período", refere. "Por outro lado, a taxa de esforço diminuiu Beja (-8 p.p.), Santarém (-7 p.p.), Portalegre (-4 p.p.), Lisboa (-3 p.p.), Setúbal (-3 p.p.), Viana do Castelo (-3 p.p.), Évora (-2 p.p.), Coimbra (-2 p.p.), Porto (-1 p.p.) e Vila Real (-1 p.p.)".
Assim, "depois de Faro (90%), Funchal é a cidade que requer o mais esforço por parte das famílias para arrendar casa, sendo necessário destinar 89% dos seus rendimentos", sendo de destacar que, feitos os descontos e devido acrescento percentual, a capital das Madeira liderava no anterior estudo, a par de Lisboa, ambas com 86%. É que Lisboa, por ter visto desgravar a taxa de esforço, passou para 83%, seguida agora de "Ponta Delgada (75%), Porto (71%), Setúbal (58%), Braga (55%), Viana do Castelo (55%), Aveiro (53%), Évora (50%), Leiria (49%), Santarém (48%), Viseu (44%), Coimbra (42%), Bragança (39%) e Vila Real (37%)". E acrescenta o idealista: "Já as cidades onde as rendas da casa pesam menos nos rendimentos familiares são Castelo Branco (34%), Guarda (34%), Beja (35%) e Portalegre (35%). De referir que todas as capitais de distrito apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%."
Quanto à compra, a percentagem de rendimentos que as famílias devem destinar para terem uma casa sua, "aumentou em seis capitais de distrito das 20 analisadas. Foi em Setúbal onde a taxa de esforço mais aumentou, passando de 49% a 55%, originando um aumento de 6 p.p. Seguem-se os aumentos da taxa de esforço em Santarém (4 p.p.), Ponta Delgada (3 p.p.), Lisboa (2 p.p.), Aveiro (1 p.p.) e Guarda (1 p.p.). Já em Coimbra e Évora, a taxa de esforço não variou durante este período", sendo de realçar que a maior quebra deu-se no Funchal, onde a taxa de esforço diminuiu 14 pontos percentuais, tal qual "Vila Real (-14 p.p.), Faro (-10 p.p.), Bragança (-10 p.p.), Porto (-8 p.p.), Viseu (-7 p.p.), Leiria (-7 p.p.), Castelo Branco (-4 p.p.), Braga (-3 p.p.), Portalegre (-2 p.p.), Viana do Castelo (-1 p.p.) e Beja (-1 p.p.)". Só que nesse 2.º trimestre do ano, "as cidades com a maior taxa de esforço para comprar casa foram Lisboa (108%), Faro (96%) e Funchal (96%), seguidas por Aveiro (72%), Porto (69%), Ponta Delgada (66%), Braga (59%), Setúbal (55%), Viana do Castelo (54%), Leiria (50%), Coimbra (47%), Évora (46%), Viseu (45%) e Santarém (36%)".
E conclui: "Verifica-se ainda que há seis cidades onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço inferior à recomendada de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Vila Real (27%), Beja (23%), Portalegre (22%), Bragança (22%), Guarda (17%) e Castelo Branco (17%)."
Metodologia utilizada
DE acordo com o idealista, "a taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)".
E acrescenta que "no caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido à descida nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE)".