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Propaganda VS Anos de vida

A gestão do novo hospital é exemplo disso, da falta de transparência

Diz o ditado “mais vale prevenir, que remediar”. A esperança média de vida é 2 anos e 2 meses inferior à nacional: em 2020–2022 foi estimada em 78,77 anos, quando no país atingiu 80,96 anos. Os homens madeirenses vivem, em média, menos de 76 anos – um valor preocupante em pleno século XXI.

Acrescem doenças cardiovasculares e diabetes onde a intervenção e prevenção são cruciais, cuidados continuados ainda insuficientes e desigualdades sociais persistentes. Apesar da propaganda em torno de políticas de longevidade, a realidade é clara: na Madeira vive-se menos e com mais dificuldades. E isso resulta claramente de opções políticas dos sucessivos governos PSD.

Nas últimas semanas têm-se acumulado sinais de que a saúde regional enfrenta uma crise profunda, mas o Governo continua a mascarar a realidade. Falta maior aposta regional no reforço das equipas, na valorização dos profissionais e na aquisição e melhoria dos equipamentos e recursos. Os profissionais de saúde fazem muito com pouco, mas não conseguem colmatar um sistema sem planeamento nem transparência.

A gestão do novo hospital é exemplo disso, da falta de transparência. Em outubro de 2024, o Executivo garantiu que o concurso para a terceira fase seria lançado até ao final do ano, mas em abril de 2025 veio admitir que o projeto ainda não estava pronto. Um ano depois, volta a anunciar-se o mesmo concurso. O mesmo se passa no Porto Santo, onde a nova Unidade Local de Saúde permanece parada, apesar de anunciada a sua retoma.

Entretanto, as listas de espera crescem, os medicamentos faltam – atingindo doentes oncológicos, mas também medicação psiquiátrica, entre outras – e as chamadas “altas problemáticas” acumulam-se nos hospitais por inexistência de respostas sociais. Em vários concelhos, centros de saúde funcionam em condições desadequadas, afetando sobretudo idosos que mais precisam de cuidados primários, e aqueles que têm mais dificuldade em se deslocar a outras estruturas de saúde.

É inaceitável que se continue a esconder números e a proclamar que “está tudo bem”. A saúde não pode ser palco de propaganda política. Deve ter um único propósito: garantir qualidade de vida e prolongar a longevidade dos madeirenses.

Os madeirenses merecem mais. Merecem um Serviço Regional de Saúde moderno, próximo, acessível e digno. Cabe ao Governo Regional deixar a propaganda de lado e assumir responsabilidades. Quanto mais tempo se adiar a verdade, maior será o preço a pagar. E esse preço já se traduz em menos anos de vida e mais sofrimento para quem vive na Madeira.