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A Guerra Mundo

Rússia alega que Kiev prepara "provocação" para minar cimeira Trump-Putin

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O Ministério da Defesa russo alegou hoje que a Ucrânia vai encenar nos próximos dias um ataque de forças russas, "numa provocação" para minar a cimeira dos Presidentes russo e norte-americano.

Sem apresentar provas, e enquanto prossegue constantes ataques em território ucraniano, o comando militar russo publicou na plataforma Telegram uma nota, na qual afirmou ter recebido "informações de diversas fontes" sobre os ucranianos estarem a "preparar uma provocação para interromper as negociações" entre Donald Trump e Vladimir Putin, agendadas para sexta-feira, no Alasca.

A mesma fonte elaborou que um grupo de jornalistas estrangeiros, que não identificou, foi enviado para a cidade de Chuguyev, na região leste de Kharkiv, alegadamente para "preparar uma série de reportagens sobre os residentes da cidade fronteiriça".

Pouco antes da cimeira de sexta-feira, alegou ainda, o exército ucraniano planeia atacar com drones e mísseis uma "área urbana densamente povoada ou um hospital com um grande número de vítimas civis, para ser 'documentado' por jornalistas ocidentais" e atribuído às forças russas, "criando um ambiente mediático negativo e condições que frustrarão o envolvimento russo-americano na resolução do conflito na Ucrânia".

A região ucraniana de Kharkiv tem sido das mais fustigadas por ataques russos, e inclusivamente alvo recente de uma incursão terrestre.

Na publicação no Telegram, as forças russas alegaram serem possíveis "provocações em outros locais" controlados por forças ucranianas.

Putin e Trump vão reunir-se na sexta-feira, no Alasca, para discutir a guerra na Ucrânia, em princípio sem a participação Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

A Ucrânia teme que o encontro entre os dois líderes possa resultar num acordo que pretenda obrigar Kiev a ceder partes do território à Rússia.

As tropas russas avançaram rapidamente num setor estratégico da linha da frente no leste da Ucrânia, admitiu hoje o exército ucraniano.

Zelensky disse nas redes sociais que a Rússia não se estava a preparar para "acabar com a guerra", mas para novas ofensivas na Ucrânia.

O Estado-Maior do exército ucraniano declarou que estavam a decorrer combates em Kutcheriv Iar, uma pequena localidade que até há algumas semanas estava a vários quilómetros da linha da frente.

Assim, reconheceu o avanço das tropas russas na zona, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

Este avanço teve lugar a nordeste de Pokrovsk, uma cidade mineira e centro dos combates, na região oriental de Donetsk, cuja anexação é reivindicada por Moscovo.

Num só dia, a Rússia avançou cerca de 10 quilómetros para norte, ao longo de uma estrada, segundo o 'site' de análise militar DeepState, próximo do exército ucraniano, num ritmo muito mais rápido do que o habitual.

A polícia ucraniana anunciou que três pessoas morreram e 13 ficaram feridas em ataques russos com bombas e foguetes na mesma região.

A região de Donetsk é uma das quatro que Putin integrou no território da Federação Russa desde que ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, juntamente com Lugansk, Zaporijia e Kherson.

A Rússia já tinha anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.

A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões anexadas, e Zelensky tem repetido que Kiev não cederá qualquer parte do território ucraniano a Moscovo.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.