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Fact Check Madeira

Será antiga a reivindicação de uma segunda rampa para ferries no Funchal?

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O JPP apresentou, nesta segunda-feira, na Assembleia Legislativa da Madeira, um projecto de resolução, que visa recomendar ao Governo Regional a realização de um estudo sobre a viabilidade da construção de uma segunda rampa ro-pax e respectivo terrapleno de apoio. O objectivo é preparar a Região para "a deseja linha marítima ferry, de passageiros e carga, entre a Madeira e o continente".

A notícia desse facto suscitou, pelo menos, três dezenas de comentários, no Facebook do dnoticias.pt, havendo críticas, mas maioritariamente elogios à iniciativa do JPP.

A discussão, entre outras perspectivas, aborda o carácter inédito ou não da proposta de construção de uma segunda rampa para ferries no Porto do Funchal. Vários leitores afirmam não haver novidade e alguns reivindicam mesmo a autoria de iniciativas sobre o assunto.

Mas será mesmo que a proposta é antiga e que o JPP somente lhe dá dimensão política renovada?

A verificação da veracidade da afirmação será feita com recurso a uma pesquisa a notícias publicadas na imprensa regional, nos últimos 20 anos. Um período que teve em conta o facto de o operador das Canárias, Naviera Armas, ter operado no Porto do Funchal, entre 2006 e 2012. A sentir-se a necessidade de uma segunda rampa seria após a chegada de um segundo operador, depois da utilização pelo Lobo Marinho. Este trabalho não aborda a questão do mérito ou demérito da proposta, nem os benefícios ou não da operação de um ferry entre a Madeira e o continente.

Como habitualmente fazemos, a nossa pesquisa não pretendeu ser exaustiva, mas somente ilustrativa do que pode ter sido a reivindicação de uma segunda rampa no Porto do Funchal.

A primeira notícia, que encontrámos, a falar na necessidade de existir uma segunda rampa para ferries, tem data de 27 de Julho de 2006. O ferry do armador espanhol ARMAS, Vulcán de Timanfaya, aportava o Funchal havia pouco tempo e já se pedia a infra-estrutura. Escrevíamos: “Empresários desta praça defendem mesmo, ao DIÁRIO, que a construção da nova rampa deveria ser feita no cais norte (ex-cais de contentores), dada a exiguidade da única existente a sul.” Já nessa altura, o local onde se encontrava e encontra a lota era uma hipótese com adeptos.

Em 2009, o assunto voltou à páginas do DIÁRIO, na perspectiva de que “Ferries em simultâneo afecta[va]m quatro escalas”.

A mesma perspectiva foi a de outra notícia em Março de 2011, com base na conversa do DIÁRIO com o comandante do ‘Volcán del Teide’, Roberto Medina Machín: “Só há uma rampa para navios que efectuam operações de embarque e desembarque de carga rodada. É esse o inconveniente. Quando o Lobo Marinho e o navio da Naviera se encontram no Porto do Funchal, em simultâneo, a rampa tem de ser usada de forma alternada.”

Depois o armador canário deixou a operação em 2012 e em 2018 o tema voltou a ser notícia. Nesse ano, primeiro o JPP e depois o BE, sugeriram que a segunda rampa poderia ficar onde estava a Lota do Funchal, que, à data, estava degradada e a necessitar de outra (no mesmo local ou noutro).

Foi também nesse ano e no seguinte, 2019, que voltou a haver um ferry a operar entre a Madeira e o continente, mas desta feita subsidiado pelo Governo Regional e apenas no Verão. O terceiro ano, previsto para a operação, deixou de se concretizar devido aos elevados custos, ao que foi argumentado pelo executivo.

Desde então, o tema nunca deixou verdadeiramente de estar no foco da política e de um grupo de pessoas entusiastas da opção pelo ferry. Ao nível político o JPP é o partido que mais tem falado do assunto, mas não o único. O PS por exemplo, também tem abordado o tema e, em mais do que uma ocasião, o assunto tem sido levado a debate no parlamento regional.

Um desses momentos foi no dia 2 de Março de 2023. Na sessão desse dia, já Élvio Sousa fazia uma proposta muito semelhante à realizada agora: “O JPP aproveitou para recomendar ao Governo Regional que estude a viabilidade da construção de uma segunda rampa ro-pax e respectivo terrapleno de apoio por forma a viabilizar de forma eficiente a ligação por ferry entre a Região e o território continental.”

Como se constata, é verdade que a reivindicação de construção de uma segunda rampa para ferries no Porto do Funchal não é nova. Tem pelo menos 19 anos. Assim, são verdadeiras as afirmações no sentido de que há muito que a rampa é reivindicada e que isso não é novidade para ninguém.

“A questão duma segunda rampa não é novidade para ninguém e não é exclusivo de apenas um partido ou de uma pessoa” – A. Gouveia – Comentário no Facebook do dnoticias.pt