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Terá Albuquerque sido o último presidente do Funchal a completar dois mandatos?

Miguel Albuquerque durante os mandatos como presidente da CMF
Miguel Albuquerque durante os mandatos como presidente da CMF, A. Spinola/Arquivo

Miguel Albuquerque tem, hoje, a missão de decidir as pessoas que o PSD apresenta como candidatas às presidências das câmaras municipais da Região. Noutros tempos, foi ele o escolhido para liderar a candidatura à Câmara Municipal do Funchal (CMF). Num momento em que está efervescente a luta interna e externa, nos vários partidos, para influenciar as escolhas a candidatos, com destaque para a CMF, um leitor do DIÁRIO veio sugerir que Albuquerque é voz autorizada, pois foi o último presidente do Funchal a completar dois mandatos consecutivos, ao contrários dos presidente seguintes. Será mesmo assim?

A verificação da veracidade do afirmado por C. Marques é relativamente simples. Basta verificar os resultados relativos às eleições posteriores a Albuquerque e apurar se houve dois presidentes a completar os seus mandatos.

Para esse trabalho, recorremos aos resultados oficias das eleições, publicados em Diário da República e reproduzidos no sítio oficial da Internet da Comissão Nacional de Eleições.

Miguel Albuquerque foi, pela última vez, eleito presidente da CMF em 2009 e cumpriu todo o mandato. Nessas eleições, o PSD conseguiu eleger sete elementos ao executivo municipal. Além de Miguel Albuquerque, foram eleitos Bruno Pereira, Rubina Leal, João Rodrigues, Henrique Costa Neves, Lina Camacho e Pedro Calado.

Nas mesmas eleições, os funchalenses deram mandatos a quatro outros partidos, um mandato a cada: PS – Rui Caetano; CDS – Lino Abreu; PCP – Artur Andrade; PND – Gil Canha.

Nas eleições seguintes, de 2013, com Miguel Albuquerque impedido de se candidatar, por limitação de mandatos, deu-se uma viragem política na cidade.

O PS criou uma coligação com BE/PND/MPT/PTP e PAN e conseguiram eleger Paulo Cafôfo como presidente da CMF. Foi uma vitória sem maioria absoluta, mas, ainda assim, com mais quatro elementos: Filipa Jardim Fernandes; Gil Canha; José Edgar Marques da Silva e Idalina Perestrelo.

O PSD elegeu Bruno Pereira, Paulo Atouguia, Vanda Correia de Jesus e João Rodrigues. O PCP voltou a eleger Artur Andrade e o CDS José Manuel Rodrigues.

Com a inclusão do PND na coligação com o CDS, houve menos uma força política a eleger. Foram quatro.

Paulo Cafôfo cumpriu esse primeiro mandato na íntegra.

Nas eleições autárquicas seguintes, em 2017, numa coligação com os mesmos partidos, Paulo Cafôfo foi eleito para um segundo mandato, desta feita com maioria absoluta. Além do próprio Cafôfo, foram eleitos Miguel Silva Gouveia, Idalina Perestrelo, Madalena Nunes, Bruno Ferreira Martins e João Pedro Vieira.

Na oposição, o PSD elegeu Rubina Leal, Amílcar Gonçalves, Jorge Vale Fernandes e Joana Carolina da Silva Afonso. O CDS elegeu Rui Barreto e o PCP não conseguiu eleger.

O executivo municipal passou a ter três forças políticas.

Em Maio de 2019, Paulo Cafôfo renunciou ao mandato de presidente da CMF, para se candidatar a presidente do Governo Regional pelo PS. Foi substituído no mandato autárquico por Miguel Silva Gouveia.

Assim, no total, Paulo Cafôfo cumpriu somente um mandato e meio.

Nas eleições seguintes, realizadas em 2021, as últimas até ao presente, o PSD, em coligação com o CDS, reconquistou a presidência da CMF, ao eleger Pedro Calado. A candidatura do anteriormente vice-presidente do Governo Regional, além do presidente, elegeu vereadores Cristina Pedra, Bruno Pereira, Margarida Pocinho, João Rodrigues e Nádia Coelho.

Na oposição, apenas a coligação promovida pelo PS (PS-BE-PAN-MPT-PDR) conseguiu eleger: Miguel Silva Gouveia; Cláudia Dias Ferreira; Rúben Abreu; Tânia Sousa; Vítor Hugo Jesus.

Em Janeiro de 2024, a pouco mais de metade do mandato, Pedro Calado renunciou ao mandato autárquico, na sequência de uma investigação judicial com suspeitas de corrupção. Foi substituído na presidência por Cristina Pedra.

Pedro Calado cumpriu somente meio mandato e Cristina Pedra está fora da corrida autárquica, algo de que o PSD vai encarregar o médico José Luís Nunes.

Como se constata, depois de Miguel Albuquerque, ninguém cumpriu dois mandatos completos na presidência da CMF e já passaram praticamente 12 anos, desde que o hoje presidente do Governo deixou de ser presidente do Funchal. Assim consideramos como verdadeiro o comentário do leitor.

"Após a saída de Miguel Albuquerque da CMF, nunca mais um presidente da Câmara completou dois mandatos consecutivos" – C. Marques, leitor do DIÁRIO, em comentário sobre o anúncio da candidatura de José Luís Nunes