Acreditam em Defesa grátis?
Em setembro de 2020 perguntei aos leitores desta coluna de opinião se “Acreditam em almoços grátis?” e hoje pergunto-vos se acreditam em Defesa grátis?
Como expliquei naquela altura a não existência de almoços grátis resulta do facto de, se a utilização dos recursos e o consumo estiverem a ser eficientes, a utilização dos recursos para determinado fim implica que deixam de poder ser utilizados para outros fins e, por isso, existe sempre um custo que é o valor que atribuímos ao que deixa de poder ser feito. Daí a imagem dos almoços grátis em que serão grátis para alguns, mas implicam custos para outros que os financiam.
Nas aulas de Introdução à Economia que lecionei durante alguns anos apresentava sempre um gráfico da fronteira de possibilidades de produção em que num dos eixos representava a quantidade de alimentos produzida e no outro a quantidade de armamento produzida. A fronteira mostra que, dado os montantes finitos de recursos, se aumentarmos a produção de armamento temos de diminuir a quantidade de alimentos produzidos. Logo, a não ser que a Economia não esteja na fronteira, existe sempre um custo de oportunidade em termos de alimentos não produzidos associado a um aumento de produção de mais armamento.
O que se passa com os recursos passa-se com a parte financeira da Economia. Se desviarmos financiamento para a Defesa, esse montante tem de vir de algum lado a não ser que não se estivesse a gastar todo o montante global disponível, por isso gostava de ter ouvido durante a campanha eleitoral qual a solução que cada partido tem para este problema que vai ter de ser resolvido num futuro próximo.
Claro que alguns dirão sempre que não precisamos gastar mais em Defesa, mas estes pretendem ser dos “free riders” (cavaleiros livres) que sabem que mesmo não pagando para a Defesa esta será sempre garantida pelos outros, tendo sido assegurada, até agora, pelos Estados Unidos da América que não querem mais ter esse papel.
Claro que podemos sempre deixar que as gerações futuras paguem o aumento das despesas em Defesa, mas todos nós nos lembramos das consequências nefastas de termos uma Dívida ainda mais elevada do que aquela que agora temos.
Caro leitor, não havendo Defesa grátis temos de nos preparar para a pagar mesmo que a fatura venha disfarçada como, por exemplo, nos bares americanos que cobravam a mais nas bebidas o valor da comida grátis que ofereciam aos clientes que bebessem.